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Automóveis
por Moacir Henrique de Andrade Carqueja

Data: 13-10-2011


Inspirado pela pane no meu notebook, eu pensei em discutir o grau de confiabilidade que podemos depositar nessas pequenas caixas que parecem conter todos nossos segredos. Fiz mentalmente associação com o automóvel, outra dessas coisas indispensáveis no mundo atual, e me decidi ficar com o tema dos jumentos mecânicos, por si só, muito vasto.

A maior parte da população brasileira atual (que é jovem) já nasceu motorizada, alguém na família já era feliz proprietário de alguma fubica, mas não faz muito tempo que isso mudou. É curioso, mas ninguém parece se lembrar de quando a raça só andava de ônibus. Embora não pareça, insisto, é coisa recente essa popularização do automóvel, mas ele já é velho. Foi inventado em 1885 por um tal de Benz que se juntou a outro inventor e fabricante, Daimler. Mais tarde, outro alemão dava o nome de sua filha à sua fábrica, Mercedes, que veio a se fundir com os outros e se criou a Mercedes-Benz.

Dar nome de mulher foi a única coisa que essa fantástica empresa fez de errado, mulheres e automóveis nunca foram uma parceria encaixada. Mesmo que, hoje, conduzir um carro seja um evento ordinário, elas não conseguem dominar inteiramente a arte. Claro que se você é uma leitora talvez venha a reclamar, mas todos os homens concordam comigo e metade das mulheres também. Se o leitor souber algum idioma além do nosso e do compulsório inglês, pode googlear (verbo novo) que vai descobrir piadas, fotos e filmes de mulheres barbeiras. Isto não quer dizer que homens sejam perfeitos, pelo contrário, homens barbeiros conseguem ser piores do que elas. É como as bichas assumidas, querem ser mais femininas do que as próprias mulheres, e ficam ridículas.

Como o assunto é polêmico, aliás, ambos, vamos pensar indiretamente. Imagine que você resida num apartamento e que no andar de cima o proprietário esteja fazendo uma reforma. É aquele barulho de marreta e talhadeira o dia inteiro. Nada daquilo lhe machuca, mas incomoda e muito. O pior é que é cumulativo, chega num momento que você se torna um idiota, até capaz de perder a compostura e ter um chilique. Ou outra boiolice do gênero.

As mulheres se vangloriam que batem menos que os homens, o que também é verdade, mas elas são culpadas, posto que passam o tempo todo provocando e irritando os varões. Então chega aquele momento em que o sujeito não aguenta mais ver tanta bobagem, que tenta se livrar da marcação (parece que elas sabem fazer isso muito bem) e comete uma imprudência. E dá-se o acidente. Ou alguma infração que mereça a reivindicação da Maria da Penha.

Essa coisa de um assunto puxar outro, já me desviou do meu objetivo, o carro em si, e sua confiabilidade.

Atualmente é tranquilo, se quisermos fazer uma viagem até o fim do mundo, que os argentinos chamam Ushuaia, com um carro não muito usado, basta fazer uma revisão, verificar o estado dos pneus, abastecer e tocar o pau. Salvo algum raro imprevisto ou acidente, o carango vai e volta. Mas há quarenta anos a coisa era bem diferente.

Quando saíamos do Rio para nossas férias em Floripa, no Aero-Willys de meu pai, nossa viagem nos tomava dois ou três dias. Era uma epopeia. Mesmo sendo um carro novo, ele dava problemas constantemente. Os cabos de acelerador rompiam por fadiga com uma frequência enorme, sem que pudéssemos fazer uma estatística que sugerisse quanto durava, cada um tinha um tempo de vida completamente diferente dos anteriores. Já carregávamos um de reserva no bagageiro.

E tinha o platinado. Seria mais adequado ser chamado no feminino, platinada, que nos faria imaginar uma loura gostosa, de cabelos alvejados por peróxido de hidrogênio. Aquela cadela filha de uma cadela. Cadela porque gosta de f__er com todo mundo, mas o segundo adjetivo (que na frase é substantivo) deve-se ao fato que vai nos f__er no sentido figurado (estou me policiando no vocabulário). Pois essa maldita peça, em forma de pinça, tinha por finalidade interromper a corrente elétrica para criar um pulso que era ampliado na bobina para coisa de milhar de Volts. Com o uso, a passagem da corrente fazia o metal migrar de um lado para o outro, como acontece na solda elétrica, formava-se um bico e a corrente não se interrompia mais. O macete era limar, mas nem sempre isso bastava. Porque eram caros, quase não havia instrumentos eletrônicos de regulagem, ajustar era uma arte, como afinar um violino. Claro que um defeito de fabricação no componente poderia fazer, e fazia, com que o bico surgisse muito tempo antes do que se considerava razoável.

Os pneus duravam nada. Com 12 mil quilômetros já estavam lisos e, acho que o mundo era uma cama de faquir, cheio de pregos, furavam à toa.

O carro mais popular no Brasil daquele tempo era o fusquinha. Eram tantos que se dizia que deveriam ser chamados de bunda, porque todo mundo tem. Tinham fama de valentes, resistentes, duráveis e de manutenção barata. Vejam que conceito errado. A cada cinco mil quilômetros tinha que visitar a oficina para uma regulagem. E era importante, porque tínhamos uma gasolina de baixa octanagem, que provocara a batida de pino. Se o carro estivesse fora de ponto, perdia muita potência, que já era pouca. Se o leitor é jovem e não sabe o que é batida de pino, não sei explicar. É como o orgasmo, no dia que sentir vai identificar, mas é indescritível. Ao fim de vinte mil quilômetros, tinha que embuchar a suspensão. As articulações eram todas metálicas e lubrificadas com graxa, mas gastavam e tinham que ser preenchidas com solda e usinadas. Hoje são de borracha e é comum um carro chegar aos 100 mil sem trocar nenhuma bucha.

Tudo isso era avaliado pelos aventureiros antes da saída, mas a verdade é que nossas estradas eram cheias de carros enguiçados. Por exemplo, as longas subidas de serra. Era sempre colossal angústia cuidar do ponteiro da temperatura (fusca não tinha, era só a lâmpada do óleo). Era comum romper o mangote da água do radiador, ou furar a colmeia com uma pedra arremessada pelo carro à frente. Havia uma infinidade de soluções sugeridas para essas emergências, desde jogar pó de café e ovo cru na água quente, até vedar com uma batata. Chegamos a usar dois desses artifícios e não deram certo. O interessante é que sempre acreditávamos na sorte, enchíamos o bagageiro embarcávamos todos e, pode acreditar, sempre chegamos.

Tenho um amigo que morava em Bagé e seu pai tinha um DKW-Vemag. Pois eles colocavam os cinco filhos, mais uma enorme quantidade de bagagem, que não cabia no porta-malas, na vaca (gauchismo, hoje chamam de rack) e se mandavam até o Rio pelo interior de Santa Catarina (BR-116,) porque a estrada litorânea não era pavimentada. Também, contra todos os prognósticos, chegavam após cinco dias de viagem. E não sei como explicar como a suspensão resistia carregar tanto peso. E também vale a pena fazer um estudo psicoantropológico, para saber como a família não se matava em briga por espaço, como fazem os presos das nossas confortáveis penitenciárias.

Nossos automóveis evoluíram muito, hoje temos os mesmos modelos que as revistas apresentam nos países mais ricos, mas pobre é assim, paga mais caro. Rico reclama de preço, barganha; pobre pede prazo. Então é isso, temos os carros mais caros do mundo, com os maiores prazos de pagamento. Tem nêgo aí com financiamento de 60 meses. Essa é a maior prova de que nossos carros são duráveis, os banqueiros não iriam emprestar uma grana preta, se o objeto da compra se deteriora antes do pagamento. Claro que o motivo de custo tão alto são os impostos.

Eles são importantes para manter a infraestrutura, estradas, pontes, etc. Mas nossos políticos governantes já sabem que nossos carros são muito bons e tratam de manter as estradas em estado de calamidade. Afinal, temos que demolir a frota periodicamente para que se comprem mais carros. Ocorre que essas máquinas duram mesmo e são repassadas a segundos e outros donos e continuam rodando, entupindo nossas ruas.

Seria legal que nossos computadores durassem tanto e que tivesse quem os comprasse depois de algum tempo.

Já que citei as mulheres, elas também. De fato elas duram muito, mais do que nós, só que ninguém as compra se forem muito usadas. Mas se os donos bobeiam os vizinhos as pegam emprestadas.


Moacir Carqueja
Moacir Henrique de Andrade Carqueja
Engenheiro Civil e professor universitário aposentado.Casado, pai de três filhos, residente e apaixonado por Florianópolis.


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