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Colunas


A Prova do ENEM
por Moacir Henrique de Andrade Carqueja

Data: 04-11-2011

 

Brasileiro é otimista, seus governantes também. Não ser otimista nessa parte do planeta é quase crime, de acordo com nosso senso comum. Quando algum pessimista, que basta ser realista, aparece é linchado pela mídia, expurgado do emprego, exorcizado pelas igrejas. Todo pessimista é um enviado do diabo. É óbvio que isso é uma caricatura exagerada de nossa sociedade, mas caricaturas são representações que permitem identificar a face real.

Fiz um passeio no Aurélio que tenho instalado no meu PC e não encontrei definição adequada para o vocábulo otimista:

[De otimismo + -ista.]

Adj. 2 g.

 1.     Relativo ao otimismo: 2  

 2.     Partidário do otimismo.

 3.     Que revela otimismo: 2 

S. 2 g.

 4.     Pessoa que revela otimismo.

[Sin. (nas acepç. 2, 3 e 4): panglossiano. Var. de optimista.]

Tenho minha definição para otimista: é todo aquele que ao analisar uma situação, dentre os múltiplos decursos, apenas vê os favoráveis.

Assim é com nossa imprensa, com nossos políticos governantes.

Assim é com o MEC. Com o mais puro sentimento de cumprir a missão de educar e avaliar o resultado criou-se a prova do ENEM.

Sempre ouvi que o ótimo é inimigo do bom e o ótimo é a proposição de se avaliar todos os brasileiros que saem do ensino médio com a mesma prova, na mesma hora, em todas as cidades do país. Alguma coisa em torno de cinco milhões de exames. Lembro-me da hiena Hardy Har-Har, que dizia o tempo todo: “isso não vai dar certo.” Manter o sigilo de tantas provas, numa logística de fazer o desembarque na Normandia parecer brincadeira de criança (desculpe o exagero aê), com milhares de pessoas envolvidas, é impossível. Ano após ano as manchetes principais na imprensa depois da prova são denúncias de vazamentos. E busquem-se os culpados.

O subproduto é o imediatismo dos procuradores e magistrados, no último caso estão discutindo se devem anular questões ou as provas dos alunos do Colégio Christus de Fortaleza sob a acusação de que a escola teria tido acesso e divulgado questões numa apostila. Quanto a isso, vale a pena investigar na mídia o que ocorreu.

Inicialmente, os técnicos do MEC fizeram, no ambiente do colégio citado, um pré-teste, com várias questões que eram experimentadas com alunos, sem a presença de professores. O objetivo seria montar um banco de questões testadas para elaboração do exame, onde a compreensão do que está sendo indagado estivesse confirmada. Idéia linda, excelente, não é? Não é. Primeiro porque custa caro, muito caro fazer isso. Segundo, porque uma questão testada é, a partir daí, de domínio público, mesmo que se coloquem cláusulas contratuais de sigilo. Só que ninguém pode impedir um aluno curioso, com vontade de aprender, de buscar, discutir uma questão que não soube resolver, ou que tenha tido dúvidas. E é muito fácil combinar com os colegas que cada um deva memorizar e reconstruir uma questão, especificando a cada qual um número X. Os professores da escola não precisam ter acesso à prova para ter, assim, acesso às questões.

Treze questões estavam na apostila do Colégio Christus, nunca foram escondidas, nem mostradas como bizú. E veio a delação, depois a anulação das provas para os alunos do educandário, depois a anulação das questões para o país inteiro. Acho que deviam anular os salários dos técnicos que estão fazendo as provas. Vou mais além, essa gente que trabalha no MEC provavelmente ganha muito mais do que os estóicos professores secundaristas Brasil a fora, e existe uma teoria administrativa que diz que se colocamos as pessoas num local com salário, elas arranjam o que fazer. E fazem isso, trocentas mil questões testadas a alto custo, gerando um bico para pobres professores locais que atuarem na aplicação dos testes, um cala-a-boca federal.

Não vejo delito algum por parte do Colégio Christus, a menos que alguém comprove que professores tenham tido acesso às questões aplicadas em 2010. Pensando bem, nem assim.

Sendo um sexagenário, tive que fazer uma reciclagem idiota, mais uma dessas leis otimistas, para renovação da carteira de motorista, com uma prova escrita de direção defensiva, primeiros socorros. Existe um banco de questões e as provas são feitas com a escolha aleatória dessas questões pré-elaboradas e resolvidas. E estão disponíveis na internet. Por qual motivo no ENEM tem que ser diferente? Não podemos ter acesso ao banco de questões do MEC?

Enquanto na ativa, como professor universitário, participei de banca para elaboração de questões para concursos. Havia extremo cuidado para que se mantivesse o sigilo, para que não houvesse possibilidade de interpretação errada do texto, para que apenas uma resposta dentre as propostas fosse possível. Mas havia uma preocupação extra, que era garantir o ineditismo das questões. Não sei se é por força de lei ou por alguma jurisprudência, mas não eram permitidas questões que já tivessem sido aplicadas em qualquer outro concurso público. Se for lei, eu a considero uma lei burra, é impossível criar questões novas a cada vez, há um momento de exaustão e vai-se, então, na busca de perguntas novas, para o detalhe ínfimo que não denota qualidade de conhecimento do estudante. Mas aplicar uma prova experimental a um grupo de alunos e, no ano seguinte, replicar algumas questões não é exatamente o caso? Não precisa explicar, eu só queria entender.

Sinto-me profundamente pessimista nessa tentativa de igualar nossos variados Brasis pelo conhecimento, variamos em história, clima, etnia, economia, religião, um pouco de idioma. Ainda julgo que a melhor avaliação do ensino médio é feita pelos concursos públicos às vagas nas universidades, é velha e se chama vestibular.

O ENEM é ótimo, só que não está dando certo.


Moacir Carqueja
Moacir Henrique de Andrade Carqueja
Engenheiro Civil e professor universitário aposentado.Casado, pai de três filhos, residente e apaixonado por Florianópolis.


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