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Colunas


Mais cotas.
por Moacir Henrique de Andrade Carqueja

Data: 17-08-2012

 


Já faz algum tempo que fui coordenador do curso de engenharia civil da UFSC. Foi exatamente quando foi instituído o provão obrigatório para todos os formandos. O rolo foi grande, os esquerdistas protestaram dizendo que aquilo era um absurdo, seria um golpe capitalista para proteger as universidades privadas, os diretórios acadêmicos incitaram os colegas a não fazerem as provas entregando-as em branco. A turma da oposição jurou que quando tivesse o poder e a caneta na mão acabaria com aquilo.

Eu sempre defendi um exame de qualidade dos egressos, desde que me formei tenho assistido a uma lenta e inexorável perda da qualidade de engenheiros mais jovens. Não só de engenheiros, minha profissão, mas também acontece nos ensinos fundamental e médio. Em ambos a pressão dos estudantes para serem aprovados sem se esforçar é grande e eles são apoiados muitas vezes por seus pais e por alguns inconsequentes teóricos da pedagogia.

Nosso curso de engenharia civil não foi muito bem avaliado no primeiro ano e imediatamente tratamos de reformular o currículo e passamos a cobrar dos professores que exigissem mais dos alunos evitando aprovações de quem não as merecesse. O resultado foi imediato, subimos para a nota máxima. Mas ouve mais consequências do provão. Num encontro de coordenadores de cursos de engenharia, um deles, de uma faculdade do interior de São Paulo, me confidenciou que se o exame não fosse extinto ele perderia seu emprego porque seu curso estava sempre mal avaliado e os alunos não concordavam pagar caro por um ensino medíocre. A cada semestre tinham menos estudantes. Na prática o resultado era bom, as universidades federais estavam sempre na frente, não porque seu corpo docente fosse melhor, mas porque seu alunado era e ainda é muito melhor do que o das particulares em geral. Estas começaram um processo de cobrar mais de seus alunos de modo que conseguissem melhores avaliações e sobrevivessem. O ensino de engenharia de certa forma estava melhorando.

A posse do Presidente Lula foi seguida pelo cumprimento da promessa dos detratores do provão e ele foi extinto criando-se uma caricatura onde se escolhe ao acaso representantes para serem avaliados. Ao contrário do que sempre se apregoou nas esquerdas, as universidades ditas particulares foram as beneficiadas e respiraram aliviadas. E voltaram a crescer.

Nos ensinos fundamental e médio dava-se um processo diferente. O ingresso na universidade sempre foi feito por meio do exame vestibular, que de certa forma fazia o papel do provão nos cursos superiores, e o povo não é bobo, os pais passaram a investir em escolas mais eficientes, pagando por seus filhos. Obviamente que pobres não podem pagar pelo ensino e são relegados aos colégios do estado, hoje sabidamente ruins. O problema de o aluno ter conhecimento deficiente não é causado pelo fato de a pessoa ter padrão econômico pior, nem é definido pela cor da pele, como propõe a lei das cotas, a causa é que a escola pública é muito ruim. Primeiro por conta de professores mal remunerados e sem estímulo de produtividade, tudo isso aliado a um pernicioso sistema em que funcionário público nunca é demitido por incompetência. Professores ruins têm carreira medíocre, mas segura desde que não se indisponham com alunos, isto é, aprovem todos os burros sem discussão. Nem precisam ensinar, não há cobranças pelo desempenho e ganham o mesmo que o bom mestre. Esta carreira acomodada alia-se à falta de disciplina originada pela estabilidade do aluno na instituição, quando eu frequentava a escola pública vi muitos de meus colegas serem sumariamente expulsos por comportamento inadequado. Hoje isso é impossível, os professores são desacatados e ameaçados por bandidos e vândalos que contaminam as classes pela impunidade, chegam a ser considerados heróis pelos pares.

É evidente que neste tipo de ambiente não se formará aluno competente, exceto, com raras exceções, aqueles cuja família zela pelo aprendizado ou os geniais, quase sempre enquadrados no primeiro caso. Se essas pessoas oriundas de escolas públicas não têm condição de passar na prova altamente seletiva do vestibular, é fácil concluir que seja uma injustiça social, eu concordo que é, e os geniais teóricos entendem que a solução seja dar-lhes a vaga no ensino superior. Aqui eu discordo e explico o motivo.

Já estou aposentado há um ano, mas cheguei a tratar com alunos dessa leva e o que vi me permite dizer que corresponderam exatamente ao que eu esperava. Há tempo para tudo, para plantar e para colher, há tempo para aprender e para aplicar o que se aprendeu. Já escrevi que temos excelentes jogadores de futebol porque é da nossa cultura jogar bola na rua, na praça, na praia, desde que aprendemos a andar. Não é possível alguém se tornar uma estrela dos gramados aprendendo o esporte depois de adulto. O mesmo se dá com a abstração matemática, passada a adolescência não se aprende mais. Claro que muitos pedagogos não concordam, eles não estudam matemática, se gostassem dela não teriam essa profissão. Antes que me crucifixem, digo que há exceções. Enfiar um estudante despreparado nos conceitos fundamentais de física, química e matemática num curso de engenharia é formar um frustrado. Vou além, poucos dos estudantes bolsistas oriundos de África conseguem passar pelos cursos de engenharia exatamente por causa dessas deficiências.

O resultado vai ser ruim, além de mais injusto ainda. No estado de Santa Catarina a grande maioria das pessoas com menor rendimento familiar não é de negros ou pardos, mas de brancos de descendência alemã ou italiana, agricultores de minifúndios. Mas seus filhos, em geral, não seguem abaixo da linha da pobreza, por cultura familiar dão importância ao estudo e em apenas uma ou duas gerações mudam o patamar na pirâmide social. Não há cotas para essa gente, mas deveria.

Agora, numa medida demagógica, expande-se a cota para metade dos que ingressam nas universidades federais, dispensando-se até a prova seletiva. O que nos fazia melhor do que nossas rivais particulares sempre foi a qualidade do aluno, dado o alto custo de um curso superior. Teremos uma estratificação brutal de qualidade, metade altamente preparada e selecionada por duríssima concorrência, metade de alunos deficientes nos conhecimento básicos. Pode-se prever facilmente o que vai ocorrer, o curso básico será destinado a reparar as deficiências da metade podre e a qualidade vai cair, não se consegue ensinar apenas para os melhores, sempre se nivela no mínimo.

Por outro lado, a quantidade de escolas particulares de ensino médio aumentou muito mais do que as vagas disponíveis nas universidades federais, muita gente competente vai sobrar e, se as famílias puderam pagar pelo seu ensino médio, mesmo com muito sacrifício, pagarão pelo superior. Em poucos anos o corpo discente das particulares será melhor do que o das públicas. Some-se o corporativismo dessas unidades, estamos há dois meses sem aulas em todo o país, a impunidade dos maus professores (posso citar com provas vários casos) e a falta de cobrança no resultado do ensino, teremos as universidades federais no mesmo caldeirão das escolas públicas. Lembre-se, caro leitor, que um dia elas foram eficientes e deixaram de ser pelas razões expostas.

É triste constatar que são exatamente os esquerdistas, aqueles que defendem o ensino público, que estão demagogicamente cavando sua sepultura.

Na competição entre nações vence sempre a que tem melhor tecnologia. Não acredito que isso seja obtido com as cotas. De certa forma se parece com o esporte, alguém pode imaginar que na seleção de vôlei, esporte em que o Brasil mais se destaca no mundo, até mais do que no futebol, se exija distribuição de titulares por cotas?


Moacir Carqueja
Moacir Henrique de Andrade Carqueja
Engenheiro Civil e professor universitário aposentado.Casado, pai de três filhos, residente e apaixonado por Florianópolis.


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