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Bolero
por Moacir Henrique de Andrade Carqueja

Data: 05-10-2011

 

Ela era gostosinha, muito gostosinha.

Eu estava na fila da padaria do supermercado quando a moça passou por mim, tinha cabelos até os ombros, castanhos e levemente ondulados, nem vi seu rosto, media menos de um metro e setenta, mas tinha um rabo divinal.

Sempre fica alguma dúvida, quando elas vestem aquelas meias que vão até a cintura, elastômeros, que arrumam as formas, parece que a vestimenta pode melhorar muito a aparência da usuária, talvez sem aquela casca modeladora a fêmea não fosse tão apetitosa. Quiçá o fato de não estar propriamente nua fosse o charme da guria, o tchan que desperta a imaginação, porque a visão direta não requer inventivas na mente, é olhar e basta.

Nem me dei conta que estava mirando com olhar cobiçoso, olhar dos famintos de véspera de banquete, não se tem tanta fome, nem a comida é tão especial, muitas vezes o velho feijão com arroz é melhor, mas a decoração das mesas aguça o apetite. Aquela meia-calça me ligou o botão da libido.

O pensamento é rápido e incontrolável. Tente parar de pensar. Todos já tentamos, não dá, somos uma máquina pensante e isso é bom. Pois eu mergulhei em maléficas e divinas reflexões, inicialmente analisei o desenvolvimento daquelas curvas de concordâncias perfeitas, nenhum ponto angular, daqueles que a matemática diz haver tangentes distintas à direita e à esquerda, mas que em mulherologia significaria um vinco. As mulheres usam chamar de ruga e morrem de medo de ver uma em si, principalmente na face.

Até que surge a primeira, depois, embora em menos intensidade, continuam apavoradas ao ver crescer o número delas. Distraído me imaginava fazendo uma inspeção mais detalhada, retirando a embalagem e verificando a rugosidade da amostra. Deveria ser quase lisa, com pequenas erupções como pele de ganso depenado, que os estadunidenses chamam goose bumps, provocadas pelo estímulo da ponta de meus dedos. Fiz uma estimativa da resistência a um peteleco, e a uma palmadinha de leve. Deveria tremer levemente, com consistência de gelatina, dada a fresca idade da peça.

O tecido colado ao corpo pode esconder algumas irregularidades que as mulheres não perdoam nas outras, pequenas aglutinações de gordura a que chamam celulites. Juro que naquele momento não me passou isso pela cabeça, apenas agora é que penso no assunto, mas não me importaria se ela as tivesse, nunca fui exigente quanto a isso, desde que as pernas da amostra não pareçam dois abacaxis. Homens, em geral, não ligam para celulites, mas há limites para isso.

Ali estava eu com meu olhar descarado, distraído e displicente, colimado naquele pedaço posterior da mulher.

Não sei se ela percebeu meu estudo de reconhecimento de terreno, mas ela tinha um dono e o cara notou. Eu é que não percebi a percepção dele e permaneci ali na fila, sonhando acordado com aquele paraíso em forma de traseiro feminino. Fila do pão, porra! Só me dei conta do que estava acontecendo quando ele puxou uma fralda branca de uma camiseta, que sobrava por baixo de um bolero negro, tentando encobrir a paisagem.

Ele não sabe o bem que aquela guria faz na comunidade geriátrica, é uma prova rebolante de que o paraíso existe e alguém pode desfrutar dele. Nosso olhar não tira pedaços, nem teremos maiores prazeres do que a visão propriamente dita e os cosequentes pensamentos (divinos, como dito) advindos. Por que o egoísta resolveu esconder a alcatra?

Foi ridículo, ele tentava abaixar a barra de uma camiseta que não chegava até o destino que ele pretendia. A dona do rabo, por sua vez, não parecia se importar, acho que estava gostando. Corrijo, tenho certeza disso. Um dos maiores prazeres de uma mulher é se sentir atraente para os homens, é ser notada por eles, principalmente quando estão acompanhados. Se as acompanhantes perceberem o prazer é dobrado. Caso contrário, por que ela se vestiu daquele jeito?

O namorado deveria se orgulhar, já que está degustando um filé que todo mundo quer dar uma mordidinha. E ele só pode saber desse desejo coletivo pelo julgamento dos outros, se não suporta que olhem para sua amante sem tirar pedaços, mude-se para o Irã e vista-a com uma burca. Pelo menos deveria conversar com ela antes de saírem de casa em trajes altamente provocativos. Qual homem deixaria de olhar para aquela bunda e de examinar demoradamente à procura dos vestígios das costuras de uma calcinha? Dez entre dez, pois até a banda gay gosta desses detalhes.

Pois lá se foi o casal naquela luta patética entre mão, camiseta curta, traseiro e bolero.

Bolero?

Levei um susto quando percebi o que estava soletrando na mente. Faz muito tempo que não ouço essa palavra aplicada a peça do vestuário feminino. Pelo menos uns quarenta anos. Ela nem sabe o que é isso, nem de roupa, nem de música.

Foi bom cair na realidade, saber que nada do devaneio é alcançável, para não me tornar ridículo. As feministas de plantão já vão dizer que só de pensar como pensei, já sou ridículo. Pode ser, elas que o façam, podem até contar pra minha mulher, eu não ligo.

O sonho durou trinta segundos, se tanto, mas que foi bom, ah, isso foi.


Moacir Carqueja
Moacir Henrique de Andrade Carqueja
Engenheiro Civil e professor universitário aposentado.Casado, pai de três filhos, residente e apaixonado por Florianópolis.


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