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Colunas


Aumentando a Frequência
por Moacir Henrique de Andrade Carqueja

Data: 27-09-2012

 

A turma de velejadores estava reunida, todos homens com pouco mais de trinta anos, numa mesa de canto do Barlavento, o boteco do Veleiros da Ilha, agora mudado para novo endereço, uma edificação que é um caixote de vidro sobre o trapiche. Marciano conhecia os presentes desde que se iniciaram na classe Optimist, muitos eram filhos de amigos, e sabia detalhes de suas evoluções náutica, profissional e social. Tinha até comparecido em solenidades de casamentos de alguns dos presentes. Não hesitou, quando chegou ao bar, de sentar-se com eles, embora fosse bem mais velho que todos.

Mais da metade do grupo era de conservadores, ainda mantinham o primeiro matrimônio e o assunto corrente era o grau de satisfação sexual que suas esposas lhes davam.

Raphael era uma pessoa extrovertida e gostava de se gabar de ter possuído muitas mulheres em seu tempo de solteiro, mas a vida dá voltas e seu testemunho foi marcante para o grupo.

- “Eu já fui bom nisso, traçava uma mulher diferente por dia, mas, agora, quase que só dou umazinha por semana e sempre com a mesma parceira.”

Marciano intercedeu com ar professoral, por já ter passado por aquilo.

- “É normal, a rotina e a segurança do casamento fazem com que os pares se acomodem.”

Mas um dos presentes era Hector, um médico urologista.

- “Isso é coisa de rico que vive estressado e pensa mais em dinheiro do que em sexo, porque com meus pacientes operários que trabalham na construção civil não falha um dia.”

- “Só enquanto é novo, depois dos quarenta eu duvido.”

- “Pois pode ter certeza, os caras não se cansam.”

Raphael voltou a comentar.

- “Logo que eu casei era todo dia. Às vezes mais de uma vez por dia, depois foi escasseando.”

O médico do grupo fez uma observação macabra.

- “Vai ficar pior.”

Beto, um novo solteiro de seis meses descasado, deu seu palpite de ponta aguçada, daqueles que ferem a plateia.

- “Não sei por que não me descasei antes, era a mesma coisa, a nêga só queria uma por semana, mesmo assim era uma negociação difícil.”

- “Agora como é?”

Ele esperava pela pergunta, seu depoimento foi para provocá-la.

- “Agora é quando eu quero, quase todo dia, e tenho sempre uma namorada de plantão disponível.”

- “Isso toma tempo e custa caro.”

- “Eu concordo com o tempo, é bem empregado, mas é mais barato do que esposa.”

Raphael discordou do amigo.

- “Como mais barato? Esse papo é velho, mas tu tens que manter um apartamento sozinho, tens que cuidar de tudo, e ainda tens que gastar dinheiro com a mulherada, jantares, presentes, essas coisas que mulher gosta. Por amor só baranga, esposa ou namorada firme que pensa em casar.”

- “Eu não me refiro ao gasto total, mas ao custo unitário. Soma tuas despesas mensais e divide pelo número de vezes que compareces e vais ver que o custo unitário de tua bimbada é muito maior que o da minha, mesmo que minha despesa seja o dobro, cada comparecimento meu custa muito menos que um teu.”

Marciano, o mais velho e também descasado, tinha opinião semelhante.

- “Além de mais barata, a bimbada dos solteiros tem maior qualidade.”

Hector ponderou.

- “Não sei se é bem assim, visto que com essa onda de DST tem que sempre usar camisinha, a sensibilidade é menor.”

Marciano explicou a sua afirmativa.

- “Toda mulher sofre de embarangamento etário e inexorável. Algumas fazem todo o sacrifício do mundo para que se mantenham belas, mas são tão artificiais que têm gosto de boneca de borracha. Ficam com aparência boa, mas sentem mais prazer em aparecer do que em comparecer. É típico das esposas envelhecidas.”

Beto completou o raciocínio.

- “Eu ataco em todos os níveis, desde meninas de dezoito até coroas de quarenta, quando me apetecem. E é sempre lua de mel.”

- “Lua de mel com uma coroa de quarenta?”

- “É. Elas costumam saber todos os truques, e se empenham no jogo. Batem um bolão.”

- “Topas todas, então?”

- “Todas não. Só aquelas que julgo fogosas. Eu prefiro mesmo as novinhas. Quase pedofilia.”

A conversa se desorganizou e muitos davam seus depoimentos ao mesmo tempo e, em geral, caíam no lugar comum, havia uma insatisfação generalizada com suas atividades sexuais. Quieto como sempre, estava Marquinho, que observava e ouvia atentamente. Foi interpelado.

- “E tu, não tens nada pra falar?”

- “Nada, pra mim tá tudo bem.”

Ele era uma das pessoas presentes que se casaram mais cedo, tivera apenas uma namorada por anos, sempre recatado e discreto, pensaram que estaria acomodado.

- “Quantas vezes por semana? Conta pra nós.”

- “Quatro.”

Os olhares se arregalaram.

- “Quatro? Não é possível. Tua mulher deve ser uma tarada.”

- “Marquinho, vende a Ana pra mim. Quanto é que queres?”

- “Não é nada disso, é pura negociação. Ou vocês estão pensando que a Ana é diferente das suas esposas?”

- “Negociação?”

- “Tem dois anos que eu terminei de construir a minha casa. Já durante a obra eu levava a Ana pra escolher ferragens, pisos, vocês sabem como é.”

Raphael estava construindo a sua.

- “Eu sei, hoje mesmo eu fui com a nêga comprar os metais dos banheiros.”

- “Agora estamos mobiliando. Eu sempre escolho o material mais barato e ela quer sempre o mais caro.”

- “Qual mulher não é assim?”

- “Aí é que está o segredo, eu negocio com ela.”

- “Tu pagas a bimbada com o material?”


- “Não é que eu pague, mas eu digo que faço sacrifício pra que ela se sinta e se mostre satisfeita e feliz, que é compensação que ganho por investir na qualidade material, no acabamento do nosso ninho.”

- “Olha que homem romântico!”

Ele enrubesceu.

- “E é isso mesmo, quatro por semana?”

- “É.”

Marciano era muito amigo dos pais de Marquinho, conhecia o depoente desde menino e não pode deixar de fazer seu comentário.

- “Quem diria, logo o mais quieto e tímido do grupo é quem mais come aqui, se é que não está mentindo.”

- “Não é mentira, a coisa funciona.”

Enquanto isso Raphael sacou o telefone celular do bolso e ligou.

- “Meu bem, deu um probleminha na encomenda das ferragens, e nós vamos ter que negociar.”

Calou-se... Ele ouvia...

- “Não é exatamente dinheiro, é um problema de frequência e de satisfação. É que quero saber se tu estás mesmo feliz. Depois eu te falo mais em casa.”

 


Moacir Carqueja
Moacir Henrique de Andrade Carqueja
Engenheiro Civil e professor universitário aposentado.Casado, pai de três filhos, residente e apaixonado por Florianópolis.


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