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Colunas


Vaso Entupido
por Moacir Henrique de Andrade Carqueja

Data: 27-08-2012

 

Todo mundo tem que lidar, cedo ou tarde, com o problema do retrete entupido. Ah, o amigo não conhece essa palavra? Aqui no sul maravilha também o chamamos de patente, vaso sanitário e privada. Muitas vezes, depois de feito o serviço com muito esforço e dedicação, com gemidos sofridos e um prazer estranho no final, temos a ingrata surpresa de notar que a água da descarga se acumula numa mistura desagradável de ser vista, num nível ameaçador à higiene de nossas bolas. Tal situação pode ser ainda pior se o fato ocorre em casa alheia, em visita de cerimônia. O caso presente trata de uma situação ordinária, Roda estava em casa sozinho quando se deu o incidente. Por sorte.

Todo mundo deve ter em sua residência um daqueles desentupidores de borracha com cabo comprido, Roda o tinha e fez seu uso, mas o resultado não foi a contento. A água baixou, mas muito lentamente deixando uma sopa de resíduos indescritíveis. A ferramenta de borracha não resolvera o problema.

Naquela noite foi jantar no Veleiros da Ilha com a turma de sempre e assuntou enquanto aguardava a comida.

- “Eu tou com um problema de entupimento na privada, alguém sabe como resolver, ou quem resolve?”

Amílcar não gostou do tema naquele momento.

- “Roda, não tem outra hora mais adequada pra falar disso? Estamos jantando, cara!”

Foi o mesmo que pedir o oposto, a galera se aproveitou do momento.

- “O Miquinha tem nojo de falar de privada entupida na janta?”

- “É, mas pra contar vantagem sexual descrevendo os mais sórdidos pormenores ele não tem.”

Sentindo-se derrotado, para fugir do assédio dos amigos, voltou-se para Roda.

- “Já que estou perdido, vamos falar do teu vaso, já usaste um desentupidor desses comuns?”

- “Já, mas não funcionou, continua fluindo devagar. Não imagino o motivo.”

Marciano tinha alguma experiência, sua ex-mulher entupia constantemente sua poltrona de leitura.

- “Pelo que sei, o que mais entope vaso é cotonete.”

Roda abriu um sorriso.

- “Qualé? Cotonete passa direto, não tem como se agarrar.”

- “Tás parecendo a Bete, que não acreditava e o vaso vivia entupindo lá em casa.”

- “Eu também não acredito.”

Marciano explicou que sempre chamava um encanador que tinha trabalhado na construção e que resolvia seu problema. O trabalhador recomendava que não jogassem os cotonetes, até que um dia Marciano viu um aparelho sanitário cortado ao meio numa loja de materiais de construção. Conversando com o vendedor ficou sabendo que forma-se uma camada pegajosa dentro do sifão e que o algodão do cotonete se adere apoiado pelas extremidades e fica preso restringindo o fluxo. O moço demonstrou com um cotonete no vaso cortado dizendo que é comum ter que explicar aquilo.

- “Depois de grudarem vários cotonetes o vaso entope.”

- “Podes me dar o telefone ou o endereço desse encanador?”

- “Já não sei onde ele anda, faz tanto tempo.”

Serjão, que estava calado, resolveu dar seus conselhos.

- “Lá em casa, sempre que tenho esse tipo de problema eu tenho uma solução meio suja, mas que resolve.”

As atenções se concentraram nele.

- “Eu uso jornal.”

Gargalhada geral.

- “Desentupir um vaso com jornal?”

- “É assim. Eu pego jornal, daqueles de folha grande, não essas merdinhas de formato tabloide e cubro tudo com várias folhas. Tem que colocar muitas mesmo, depois abaixo a tampa e subo em cima. Aí aperto no botão da válvula e deixo a água correr. Alguma coisa vai vazar por cima, mas faz pressão e empurra tudo para baixo.”

Roda não aceitou o método.

- “Como? Lá em casa a caixa não enche a privada até a boca, isso não funciona.”

Marciano interferiu com sabedoria de quem já estudou muito o assunto.

- “Claro, só dá certo com válvula do tipo Hidra, de passagem. Com caixa de descarga acoplada não tem volume nem pressão suficiente.”

O jantar chegou o papo diminuiu um pouco e os assuntos foram variados e dispersos. Terminada a refeição Roda voltou a falar de seu problema doméstico.

- “Vejam que vocês são todos uns imprestáveis. Um não sabe mais o endereço do encanador e me diz que não posso mais jogar meus cotonetes usados na privada, o outro me dá uma solução que não me serve e que eu acho que não funciona mesmo.”

Serjão espicaçou o amigo.

- “Roda, a merda é tua, o que vais fazer dela é problema teu.”

- “Duvido que nenhum de vocês tenha um probleminha desses de vez em quando.”

Marciano resolveu dar sua solução.

- “Eu fiquei vendo o Raulino fazer o serviço uma vez, ele me explicou que sempre usava o mesmo método.”

- “Ele desmonta tudo?”

- “Nada. Usa um extintor de incêndio de CO2.”

Roda olhou para o amigo incrédulo. Os demais imaginaram que seria alguma gozação.

- “Ele pegou o extintor do corredor do prédio e pediu um monte de panos desses de lavar e enxugar pisos. Enfiou a boca do extintor no vaso e fez uma enorme mecha em volta pra vedar. Depois foi só dar uma descarga de alguns segundos do gás e estava pronto. Nunca mais vou chamar o Raulino.”

Serjão fez uma pergunta interessante:

- “Isso não teve consequências?”

Marciano deu uma risada gostosa.

- “Ele fez isso logo depois do almoço e tinha um morador do andar de baixo cagando bem naquele instante. Levou um susto daqueles e não entendeu nada. Comentou com o zelador que a privada borbulhava e fazia um barulho estranho.”

- “Tu achas que eu posso fazer isso?”

- “Com certeza, depois disso eu fiz uma vez e funcionou.”

Serjão estava com ar de deboche.

- “Porra, Marciano, tirando serviço de um profissional? Deixa de ser sovina, a vida cobra depois.”

- “Cobrou logo.”

Os amigos queriam saber.

- “Agora conta.”

- “Pois eu fiz a mesma coisa, quando a Bete entupiu pela última vez. Peguei o extintor e os sacos de chão e enfiei tudo no vaso, usando luvas de borracha pra lidar com a água com merda. Quando achei que estava tudo pronto apertei o gatilho e a panarada toda voou vaso acima. Tomei um enorme banho de esgoto.”

Todos riram.

- “O feladaputa não me ensinou o principal, que era pra dar várias descargas antes, de modo a ir limpando a água. Eu até telefonei pro Raulino e ele se mijava de rir, quando me explicou isso.”

- “A Bete também deve ter rido muito de ti.”

- “Acho que sim, foi a gota d’água, fiquei tão puto que antecipei minha separação, saí de casa no dia seguinte e até hoje estou pagando pensão. Que merda!”

 


Moacir Carqueja
Moacir Henrique de Andrade Carqueja
Engenheiro Civil e professor universitário aposentado.Casado, pai de três filhos, residente e apaixonado por Florianópolis.


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