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Colunas


Negociando no Congresso
por Moacir Henrique de Andrade Carqueja

Data: 28-05-2012

 

Eu estava observando o noticiário da TV e vi, numa reportagem sobre a CPI do Cachoeira, uma deputada fazendo perguntas ao meliante cascateiro que se limitava a responder que não responderia. A mulher se indignou, com toda propriedade, dizendo que aquilo tudo era uma palhaçada, que estava preocupada com o que o povo iria pensar do congresso quando o chefe de uma quadrilha não responde às perguntas da Comissão Parlamentar de Inquérito. E eu concordo com ela, palhaçada mesmo, todas as CPIs que já vi. Ele não respondeu, mas tomo a liberdade de dizer o que nós, a maioria do povo brasileiro ainda pensante, pensamos. Parece-me mero caso de insubordinação, uma simples deputada reclamando de um chefe patrocinador de tantos partidos. Aliás, impropriamente chamado de chefe, visto que a administração da Cosa Nostra chamada Congresso Nacional tem presidente de fachada e muitos chefes. 

istoricamente devo lembrar que nossa constituição foi elaborada de forma estranha por uma assembleia em que as decisões foram tomadas por maioria simples, a meu ver erradamente, tudo deveria ter tido dois terços de concordância para estar lá. Sustento isso com base na exigência de tal margem para que a constituição seja alterada. Ou será que alguém considera que aquele grupo de pessoas era de iluminados por Deus? A consequência é que há coisas que deveriam ser leis ordinárias presentes na nossa carta magna. Tal constituição foi formulada com nítida ideologia parlamentarista, mas um plebiscito mostrou que os brasileiros não queriam esse tipo de regime. Ninguém comentou muito o motivo do resultado, eu me atrevo a afirmar que não quisemos que o congresso governasse diretamente a nação porque não confiamos na casa.

Entra governo, sai governo, é sempre a mesma coisa, o presidente tem que “compor” com os partidos para que tenha sustentação. Tem que leiloar cargos na administração direta com bons salários e boas verbas para “aplicar” em obras que promovam seus administradores e, com sorte, ganhem alguma propina de prestadores de serviço. Para mim isso é nada mais do que corrupção. Seguramente eu não poderia ser político, não concordando com a prática seria literalmente sacaneado.

A cada votação é necessário negociar, trocam-se favores e votos por causas que interessem diretamente esse ou aquele grupo parlamentar. Muito raramente acontece de ser uma votação que considero limpa, isto é, apenas ideológica. Esse leilão de cargos e ofertas de vagas comissionadas é escancarado, e é a razão de existirem tantos partidos. Qualquer grupo de cinco ou seis deputados pode ter força ao se coligar com outras siglas que passam a ser decisivas nas votações importantes. Temos muitos Pês, P disso, P daquilo, P da cueca recheada, P dos amigos do Maluf, P dos demoníacos, P que já foi MDB, P dos atrapalhadores, P do tucanato, P que eu nem sabia... Todos apresentam cartas ideológicas parecidas, mudando aqui e ali alguma firula demagógica propondo igualdade, fraternidade, e liberdade über alles. E isso é mais velho que o rascunho de O Capital.

Fizemos uma chamada popular para a aprovação da ficha limpa. Curioso isso, se nosso povo desse importância a comportamento ilibado, a lei não seria necessária, considero que é da cultura brasileira aceitar que pessoas desonestas sejam diretoras de suas vidas na esperança de tirarem algum proveito. É a prática comum do votante que escolhe um determinado candidato, que pode ser um descarado ladrão, porque ele prometeu facilitar a aprovação de um financiamento ou de alguma lei específica para seu interesse. Não parece que aqui desonestidade seja motivo para não se escolher alguém. Temos inúmeros exemplos em todos os partidos políticos.

A lei é bem intencionada, se o povo não sabe votar (aê, Pelé!), que se impeça que os maus se candidatem. Com a pressão popular a lei se fez, mas esta semana, sem alarde, quase na moita, a Câmara Federal aprovou uma proposta que libera todo mundo que esteja com a ficha suja para se candidatar. Ainda tem que passar pelo senado, mas onde tem aroma de estrume tem estrume. Não posso acreditar que esses senhores estivessem votando pensando no benefício que vai trazer ao Brasil. Sugiro ao leitor que procure saber quem votou a favor e o exclua de sua lista de prováveis para 2014.

Outra característica do nosso parlamento é a tomada de posição de defesa de interesses em bloco. Quando eclodiu o escândalo do mensalão os partidos de suporte ao executivo se uniram para travar ou impedir uma CPI, como se corrupção fosse alguma coisa ideológica contra alguns partidos. Complicadíssimo, de fato, manchava até o presidente Lula, mas conseguiram o intento de procrastinar até o fim do segundo mandato e parece que os crimes vão prescrever. Tudo bem, estamos acostumados, é mais ou menos como a derrota do nosso time, na semana seguinte tem nova contenda e basta uma vitória para considerarmos que estamos felizes. Não fosse por alguns dedicados inimigos figadais dos acusados já estaria prescrito até em nossas mentes.

Agora tem novo escândalo que parece atingir mais o grupo que acusa os mensaleiros, uma cascata de denúncias a partir de escutas ao Banqueiro (título popular que denota importância econômica) de Bicho Cachoeira. Imediatamente se alinharam as mesmas siglas num embate semelhante ao anterior, apenas diferindo quem está no ataque e quem está na defesa. Parece até partida de beisebol.

Interessante nessa complicada rede de intrigas é não podermos confiar no que parece ser cada deputado ou senador. O indivíduo bota a cara na tribuna e faz um discurso moralista, como o senador Demóstenes que discursava de dedo em riste acusando os governistas no escândalo do mensalão. Agora foi pego com a boca no telefone como aliado do Cachoeira. Creio que será o bode expiatório. Vai ser trocado pelo José Dirceu que foi cassado, é a negociação parlamentar, merecido troco. Pena que de ambos lados seja pouco.

Podem apostar que o troca-troca não fica por aí, os deputados vão continuar defendendo seus interesses antes dos do povo brasileiro, acordos serão costurados nas entranhas do palácio de forma que o conteúdo não chegue a nós. Ainda bem, pois o que temos nas entranhas fede.

Por último, vi que trabalhadores parecem estar se organizando para se manifestarem contra a impunidade dos acusados no escândalo Cachoeira. Acho ótimo, manifestações populares foram o ponto decisivo para o impedimento do Fernando Collor, são válidas e fundamentais. Mas persiste aquele problema de acusar apenas quem pertence ao outro lado, corrupção de aliados não deve ser considerada errada. Nenhuma instituição trabalhista se manifestou no mensalão porque normalmente os sindicatos e as centrais trabalhistas são controlados por partidos que se dizem de esquerda, que estavam e estão no poder. Reforço minha opinião de que em nossa moral brasileira aceitamos o roubo, desde que estejamos no lado beneficiado. Temos que mudar essa cultura, começar da base, da formação do cidadão ainda menino, como fazem os clubes com atletas. Mas abandonar a máxima popular do futebol que diz que o negócio é ganhar, mesmo com gol de mão.

Se quando o povo fala é a voz de Deus, eu teria que concordar com o Maradona que ganhou a Copa do Mundo com um soco na bola: “foi mão de Deus”.

Mas sou ateu.

 


Moacir Carqueja
Moacir Henrique de Andrade Carqueja
Engenheiro Civil e professor universitário aposentado.Casado, pai de três filhos, residente e apaixonado por Florianópolis.


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