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Colunas


CPI dos Holofotes
por Moacir Henrique de Andrade Carqueja

Data: 14-06-2012


Todo santo ano ocorre uma CPI. É corre-corre no planalto central, empurra-empurra de jornalistas em busca de notícias escandalosas e empurra-empurra de políticos, um jogando a culpa no outro, um tentando aparecer mais do que o outro.

Para o parlamento, lotado de curiosos e ativistas, haja cafezinho. É muito serviço para as exímias e exclusivas copeiras exibirem suas qualidades e justificarem os altos salários, provavelmente ganham mais do que qualquer professor universitário e, com toda a certeza, muito mais do que os reles e desqualificados professores das escolas públicas. Mas olhando a responsabilidade dessas pessoas, servir os mais ilustres cidadãos da república, valem até muito mais. Como tudo que sobe tem que descer, entra o líquido pela boca e sai pela uretra, dando serviço a outro grupo de funcionários, estes provavelmente terceirizados, porque funcionário público não limpa latrina, isso é coisa de pobre ou desapadrinhado.

Apesar de tanta cafeína, falta energia e nunca chegam a coisa alguma. Nada ou quase nada. Claro que já fizeram o impedimento do Collor de Melo por causa de uma caminhonete Fiat, mas a verdadeira razão de sua cassação foi ter desagradado a maioria do congresso, seu mandato tornou-se impopular com um absurdo confisco dos ativos da maior parte do povo brasileiro. Curioso é que o congresso nacional da época se manteve curvado diante de medida tão autoritária e mesmo inconstitucional. Recebemos o purgante calados e o engolimos. Os efeitos coléricos se fizeram sentir nos intestinos das câmaras onde se tramaram inconfidências até que o resultado final do laxante se desse com barulho e mau cheiro. Em meio a essa sujeira toda alguns deputados cantavam o hino nacional em plenário, como se tivessem vencido uma guerra sofrida e violenta. Como se fossem heróis de batalha. No lado de fora a estudantada comemorava um gol político com as caras pintadas. Eu digo que se o presidente tivesse feito algum loteamento de cargos entre seus inimigos jamais teria sido expurgado do poder.

Outra constatação que faço é a da vitrine promotora do cidadão. A lógica é simples, algumas pessoas têm uma fanática fé em certa ideologia, tal que qualquer representante de ideias que se antagonizem às suas deve ser rejeitado. São de certa forma religiões políticas cheias de dogmas. Por outro lado, os que representam suas convicções são sempre carregados como líderes infalíveis, independentemente de suas qualidades morais. Há um político paulista de notório envolvimento em corrupção, com inúmeros indiciamentos e mesmo condenação fora do país, Paulo Maluf, que tem seguidores fiéis. Apesar de sua carreira ser um rio de lama, consegue sempre se eleger deputado com expressivo número de votantes. Claro que a oposição desce o porrete, mas o resultado parece ser exatamente o oposto, pois aqueles que detestam a esquerda veem nele um líder, alguém que se anteponha com a cara de pau e a coragem. Parece que não importa muito ele ser pouco ou nada honesto.

Eu me atrevo a pensar que o crescimento de Lula no cenário politico foi semelhante, ele representava o ideal esquerdista do proletário que ascende ao poder e assim foi exaltado e promovido. Mas o mais emblemático político da esquerda brasileira é José Dirceu, de certa forma um Maluf do PT, que aguarda passar o resguardo político imposto pela perda de direitos para voltar a ser candidato. É exatamente a mesma coisa, tem seu nicho de eleitores por sua posição política demonstrada nas tribunas. Para os políticos que militam em casas onde a eleição é por voto proporcional, basta que tenham uma percentagem do eleitorado para garantirem seus empregos e de seus familiares. Uma projeção midiática obtida em ruidosa CPI, mesmo que seja acusado, pode lhe representar dividendos nas urnas.

Recentemente vi uma pesquisa onde se citavam nomes de políticos envolvidos em escândalos e acusados em CPI onde mais da metade da população nem sabia do que eram acusados. Na prática, não importa de que forma, se para o bem ou para o mal, o que conta é ser citado.

Claro que nem todos os parlamentares atuam com tal tática, a maior parte dos eleitores não tem partido político e esse grupo majoritário oscila como o capim ao vento. Quase sempre suas demandas são de curto prazo sem olhar o que pode se passar no futuro. Por tal motivo as comissões de inquérito podem ter alguma dificuldade de obter as assinaturas necessárias para sua implantação. Os parlamentares ficam em cima do muro esperando para ver qual a tendência antes de se posicionarem. Principalmente quando sua turma já ocupa cargos comissionados.

Fato semelhante vemos quando minorias fazem alarde em busca de leis específicas para seus interesses. É o caso do casamento gay. Não importa se é a maioria ou a minoria dos brasileiros que seja a favor, importa, sim, que há uma quantidade expressiva de votantes que se declaram homossexuais em número suficiente para eleger alguns deputados. Na outra ponta desse cabo de guerra ficam os representantes das igrejas fanatizadas, que fazem discursos moralistas. Andei lendo que essa é a bancada com mais processos contra o fisco e contra o erário do congresso. Bem, se os pastores podem dar o beiço nos fiéis, os deputados messiânicos podem fazer o mesmo com o fisco, desde que contribuam com o dízimo para as igrejas. Mas essa briga pela aprovação ou rejeição do casamento homossexual é embate por votos nas próximas eleições, simplesmente uma questão de popularidade, quem tem maior IBOPE, se os de Jesus ou os de Satanás. Eu acho que os diabinhos e diabinhas estão ganhando, basta ver o tamanho das marchas dos orgulhosos gays. Nem todas as igrejas cristãs juntas conseguem fazer uma procissão tão grande. Nem tão interessante, convenhamos.

Então esses ferozes defensores de direitos ou deveres buscam os holofotes e as câmeras televisivas das emissoras do congresso. E temos duas! Uma só para o senado e outra para a câmara de deputados. Mesmo se fosse uma não seria suficiente para que as atuações em plenário preenchessem o tempo (de segunda a sexta-feira), imagine duas. Para justificar tanta gente trabalhando lá, eles botam para rodar 24 horas por dia e enchem de programas variados que nada têm que ver com o congresso. E isso custa muito caro. Se o inimigo é mais forte, una-se a ele. Será que não tem uma boquinha pra um cronista por lá? Eu poderia ler meus artigos na TV senado. Como eu sei que já não tem espaço para tanta gente no prédio, dizem que fazem rodízio de mesas, eu topo ficar em Floripa mesmo. Nem precisa ser o maior salário, claro que não, pode ser o do ascensorista que já está bom. É maior do que o meu de professor universitário.

Voltando às CPI, sabemos que nunca dá em nada porque é uma briga entre partidos. De um lado os governistas, de outro a oposição. Não importa o tema, não importa se é para esclarecer desvio de dinheiro público. O importante para os parlamentares é aparecer. Garantir que suas bases os vejam e saibam que eles as representam.

O resto, isto é, a divisão de cargos, resolve-se numa pizzaria.

E você paga a conta.


Moacir Carqueja
Moacir Henrique de Andrade Carqueja
Engenheiro Civil e professor universitário aposentado.Casado, pai de três filhos, residente e apaixonado por Florianópolis.


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