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Colunas


Mamãe vai às compras
por Moacir Henrique de Andrade Carqueja

Data: 10-05-2012

 


Todo o mundo sabe que o dia das mães não foi criado como uma data para exaltar a maternidade, nem um momento para reflexão sobre o amor instintivo que as mulheres têm por seus filhos, nem exaltar os sacrifícios que algumas delas fazem, até o ápice, dando suas vidas para preservação das de seus rebentos. Nada disso, foi uma sacada genial para criar vendas e aquecer o comércio numa época do ano em que o movimento era baixo.

Deu certo, tão certo que no Brasil as vendas de maio só perdem para o natal, quando o décimo-terceiro salário inflaciona os preços de brinquedos, roupas de praia, artigos de decoração e garrafas de bebidas. Para as mulheres o dia das mães pode ser um estágio no paraíso ou uma amostra do inferno, depende de muitas coisas que podem ter significado diverso. Ter filhos pode ser bom, ou ruim, quando o rebento sai igual àquele tio degenerado que está cumprindo pena por assalto a uma farmácia, mas para mulheres que não puderam tê-los pode ser uma angustiante data em que fique imaginando como seria bom ser acordada por um pivete levando um pacote de chocolates.

E foi aí que os criadores da data acertaram, as mulheres são eternamente compulsivas pelos filhos e eles têm alguma coisa inexplicável de sentimento para elas: não se esqueça da velha, caso contrário ela vai deserda-lo. E praga de mãe nem o diabo tira. Mas as mães sabem perdoar, basta dar uma cheirada, um abraço gostoso, uma conversa mole, que ela se derrete e o mal está desfeito. Isso não vale para a mãe de seus filhos. Se você se esquecer dela vai ter dor de cabeça por meses, mas a cabeça que vai doer é a dela. Se a sua estiver doendo significa que o mal é maior do que poderia imaginar, talvez estejam nascendo cornos em par. Por vingança.

Esquecer-se da esposa no dia das mães é impossível, tal o bombardeio da imprensa. As professoras de seus filhos vão enviar recadinhos pedindo isso e aquilo para elaborarem um presentinho original. Mas ai de você se ficar nessa lembrancinha escolar, ela vai sorrir, vai acariciar o rebento, mostrar toda sua ternura pela cria, contudo o pai será sutilmente rejeitado e ela lembrará por anos desse dia frustrante. É também uma data em que as ex-posas (acho que deveríamos grafar assim para as ex-mulheres) sentem um gostinho de vingança contra as substitutas titulares, porque os ex-maridos são obrigados a comparecer com um dinheirinho para os filhos presentearem a mãe. Evite que a atual seja quem compre o presente, se for seu caso, só vai piorar o que provavelmente seja ruim.

Para os homens, de maneira geral, a semana anterior ao tal dia é um verdadeiro martírio. O sujeito passa pelo menos uns cinco minutos de agonia diária tentando descobrir um presente que ela venha a gostar. Somando-se todo esse torturante tempo chega-se a cerca de trinta minutos de depressão semanal, que é perigoso para o casamento, ele pode desistir, ou para a vida do marido, se tiver tendências suicidas. Curioso que as mulheres, que dizem ter um sexto sentido, nunca percebem esse calvário masculino, sempre consideram pouco.

Se você está pensando em comprar um par de sapatos não faça surpresa. Quase nunca será o modelo que ela queria, mesmo que você a tenha visto namorando o artigo, que tenha provado na sua frente e dito:

- “É uma graça! Que delícia! Ai, se eu te pego!”

Periga que ela faça cara feia e diga que aquela declaração era apenas um exercício de cross-shopping ou comproterapia. Sempre existe a possibilidade, que no caso é tendenciosa a se confirmar, de ela argumentar que tinha dado a dica que ela queria mesmo outro modelo. Só compre se ela disser claramente que deseja aquele par, nesse caso é melhor que a leve junto, encha-se de paciência e rode uma tarde inteira pelo comércio. E sem fazer cara de entediado. Todos vivemos coisas parecidas e posso garantir que, se o sapato não for exatamente aquele desejado, pode ser que ela nunca lhe perdoe, mas sem jamais manifestar que ficou frustrada. Cuidado, porque essa sensação é cumulativa como mercúrio no corpo, envenena o relacionamento aos poucos e de forma irredutível. Observe os sintomas: ela usou o sapato apenas uma vez e alguns anos depois descartou por estar fora de moda? Certeza absoluta que foi presente errado. Mas você não precisa esperar que ela o atire no lixo, se se passarem seis meses e ela tenha usado apenas uma vez pode considerar o diagnóstico como positivo. Mas se ela usou duas ou três vezes apenas não quer dizer que tenha sido errado, normalmente esse é o número de vezes que elas usam um calçado que gostam.

A única coisa que sei que elas gostam sempre é de joias. Quanto mais você se endividar no cartão de crédito mais ela vai valorizar o presente. Faça uma surpresa, escolha um anel de esmeralda, ou diamante, qualquer pedra preciosa, com grife internacional, embalagem que comprove de onde saiu, que você vai ter uma amante incansável, insaciável, carinhosa, sempre cheirosa, por uns trinta dias, que é o período de vencimento do efeito joia. Aí entra o truque, porque é quando estará aparecendo a fatura do cartão. Mostre para ela sem querer, talvez fazendo um comentário de que tem que dar uma apertada nas despesas, que extrapolou no cartão, e esqueça o documento aberto sobre a mesa. Para garantir que ela fique curiosa escreva em vermelho: presente da amante. Tem duplo efeito positivo, ela ser chamada de amante e ver que você a preza muito por causa do valor do regalo. Isso lhe dá novo prazo de um mês com a vantagem de ser mais barato do que ter uma amante, porque na filial não tem o efeito rebote do cartão, ou seja, com a amante é uma joia por mês, fora carro, casa, comida e roupa lavada.

Nós somos todos dependentes de nossas mulheres, mas a forma de troca de afeto é um problema a ser resolvido pela natureza, quando achamos que elas querem colo, querem sexo, quando achamos que é sexo, querem apenas cafuné na cabeça. Quando tentamos demonstrar nosso carinho com um presente que tenhamos demorado quase uma hora para encontrar (o que deve ser perto de um recorde mundial), elas podem achar que seja pouco.

Um presente é para a mulher alguma coisa como a festa de casamento, que é um sonho, uma coisa que vem dentro dela desde menina. Para o homem é o encontro da companheira, parceira e fêmea, para ela é a glória do momento, do enlace com o príncipe encantado que vai fazê-la eternamente feliz. A cerimônia é imaginada, discutida, ensaiada e corrigida centenas de vezes, mas apenas uma com o noivo presente. O melhor da festa é esperar por ela.

Mulheres são assim, também gostam de sonhar com o presente, de correr o comércio em busca do seu pacote encantado. Isso não é depreciativo, pelo contrário, elas são muito mais eficientes quando estão a comprar, reconhecem artigos de má qualidade e defeitos de fabricação muito melhor do que os homens. Fazem bem feito porque gostam.

Eu tenho minha sugestão para a forma de presentear nessa data afetiva. Estipule o valor do presente e entregue em moeda viva, nunca o cartão, não seja louco. Se fizer isso ela vai aproveitar umas ofertas e comprar o dobro para ela e algumas coisas que “você esteja precisando”. Dê-lhe o dia inteiro para bater perna e escolher o que quiser, aproveite para aquela pelada com os amigos com churrasco e cerveja, ela nem vai ligar se aquele seu amigo mulherengo lhe convidar, e você aceitar, para uma saideira no Bokarra, desde que só beba e não coma nada.

Por fim, faça o almoço de domingo em casa porque toda mulher considera que a cozinha seja um martírio. Não se meta a comer fora, os restaurantes vão ter fila e a comida vai estar um lixo, dada a quantidade de fregueses vai ser igual a rancho de quartel.

Se tudo der certo, depois do almoço vai rolar uma sesta arretada. Aproveite.


Moacir Carqueja
Moacir Henrique de Andrade Carqueja
Engenheiro Civil e professor universitário aposentado.Casado, pai de três filhos, residente e apaixonado por Florianópolis.


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