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Colunas


Lista para 2013
por Moacir Henrique de Andrade Carqueja

Data: 07-01-2013


Já sabemos que a Dilma continuará no poder, felizmente, pois foi eleita limpamente pelo povo, que a nossa vizinha Argentina continuará com sua perua no governo, enterrando o país, cheia de vaidade e orgulho, que o Chávez vai continuar indo a Cuba para se tratar, pois em quase duas décadas de poder absoluto não conseguiu equipar um só hospital na Venezuela capaz de lhe atender com qualidade. Nenhuma dessas notícias vai lhe fazer mais ou menos feliz, a felicidade é um conjunto de acontecimentos que lhe deixam a alma em paz. Podemos ser felizes na pujança ou na adversidade. É feliz quem quer sê-lo.

Dizem que dinheiro não compra a felicidade, estou quase de acordo, mas eu penso que uma das formas de ser feliz é ter muito dinheiro. Contudo, sabedor de que não sou capaz de ganhar mais do que a mixaria que já ganho, tenho que me contentar com o troco e buscar minha paz interior com sabedoria. Tenho leitores que detêm muito mais renda do que eu, também os tenho ao contrário, digo que comparar é um dos pecados capitais e isso nos faz sofrer.

Todos sabemos que a alma padece por nossos pecados. O remorso não é uma consequência de nossa moral judaico-cristã, ele está presente em nossas mentes desde que a consciência se instala. É a pior das dores, é a dor moral.

Foi exatamente por isso que eu, tentando me fazer mais feliz no ano entrante, resolvi construir uma lista de intenções para 2013 que sugiro aos amigos. É meu lado guru.

As mais importantes fontes da angústia humana residem nos sete pecados capitais. Pelo menos é o que dizem, não sou dono desse axioma. Se isto é verdade, imagino que serei mais feliz se souber me comportar diante desses deslizes que nos mancham a alma e que dificilmente conseguimos evitar. Não concordo integralmente. Não acredito que seríamos mais felizes se nos tornássemos santos e nunca incorrêssemos nesses pecadinhos triviais, entretanto eu acredito piamente que serei mais feliz se souber lidar com eles e me perdoar quando cometer a falta.

Segue a lista de propósitos com alguma justificativa:

A gula.

Nem posso considerar isso um pecado, comer é essencial à vida. É um vício, somos dependentes, sua abstinência causa a morte. A gula é comer demais, passar da conta. Eu prometo que vou ser comedido para que não ganhe peso e comece a pensar que as balanças estão todas desreguladas. Só vou comer iguarias caras, daquelas que não cabem no meu orçamento. Assim vou ser obrigado a limitar a quantidade.

Como fazem com as leis, coloco um parágrafo de exceção, a meu favor, para festas de casamento, batizados, aniversários, natal, ano novo, churrasco com os amigos, reuniões de caráter festivo em geral.

A avareza.

Einstein era judeu e criou a teoria da relatividade. Avareza é muito relativa, para um judeu é normal, faz parte da cultura, para um mineiro costuma ser normal, para mim nem sei o que é isso.

Não ser avaro é difícil, tanto quanto não ser pródigo, aos olhos dos outros. Não importa quanto rico seja seu amigo, você sempre vai julgar que ele tenha muito mais, também não importa o quanto ele seja pobre que, se aparecer com carro novo, ou mulher nova e jovem, será considerado um estroina. Dirão estar jogando dinheiro fora. Todos são considerados avaros pelos vendedores de automóveis, não importa sua renda, sua capacidade de endividamento, que eles irão descolar um plano de financiamento no qual você estará endividado por sete anos capitais, quando terminar de pagar o carango ele já estará num ferro-velho há meses. Mas para eles você só não compra por usura.

Eu prometo não ser avaro nas despesas com mulheres, nos passeios com a família, com a comida de boa qualidade (evitando o primeiro pecado capital), com meus brinquedos de adulto (barco, carro, bicicleta, helicóptero). Não aproveite essa promessa para me pedir dinheiro, nem emprestado, não vou me despojar dessa avareza atávica muito facilmente, nem vou me arrepender de responder na lata:

- “Nem fudendo.”

A luxúria.

Isso nunca foi pecado, nem será. Entretanto, caro leitor, pode causar perdas e danos, notadamente quando terceiros envolvidos nos relacionamentos descobrem. Maridos traídos podem se tornar violentos e mulheres possessivas podem carnear uma carcaça masculina e transportá-la em malas até lugares ermos. Principalmente se ele for japonês, que é pequenininho, e cheio da grana.

Diferentemente da gula, ninguém engorda por excesso de luxúria, o que pode emagrecer muito rapidamente é a conta bancária. É necessário que se encontre um equilíbrio saudável entre o exacerbado apetite sexual e o celibato de monge católico. Sexo demasiado pode ser causa de doenças adquiridas, já o celibato sacerdotal é sabido ser catalizador de pedofilia, como atestam os coroinhas.

Eu prometo que no ano próximo serei marido fiel. Não irei à caça, mas serei um predador oportunista, sempre que encontrar uma lebre indefesa, com um sorriso simpático, uma voz sensual, convidando-me graciosamente a inspecionar sua tatuagem na virilha, eu abato.

É melhor ter dor na consciência de ter comido uma carne gostosa fora de casa do que o eterno arrependimento de ter deixado para outro.

E não ficar com fama de andrógino.

A ira.

Diante do estado atual das coisas, não ter este sentimento é muito raro.

Passamos o dia todo recebendo impulsos que nos incomodam. No café da manhã, ligando a TV, já somos bombardeados por notícias dos assaltos, das execuções, dos estupros ocorridos no dia anterior em São Paulo e no Rio. Fico revoltado, pois parece que o resto do Brasil é pacífico. Depois sou obrigado a ver o engarrafamento da Marginal do Tietê, e da Ponte Rio-Niterói. Esses repórteres estão tendo pouco que mostrar, isso não é notícia, eu moro em Floripa. Que raiva!

A caminho de trabalho somos desacatados por motociclistas que passam de dedo médio em riste ou com o polegar no botão da buzina, reclamando que nossos carros estão ocupando muito espaço da pista. Algumas vezes nos aplicam algum pontapé de reprimenda.

Depois vêm as mijadas do chefe. Deve ser falta de luxúria com a mulher dele. É pior ainda quando é chefe mulher. Mulher mal comida é insuportável.

Minha promessa para o ano que vem é de tentar coibir a ira, guardando dez segundos entre o impulso e a resposta. Isso pode ajudar a conservar meu sorriso com todos os dentes ou até coisa pior, se o indivíduo causa estiver armado. É bom lembrar que hoje pessoas de bem não podem portar armas de fogo, isto é, se o cara tiver um trabuco é certamente bandido. Ou policial, mas em algumas cidades brasileiras é a mesma coisa.

A inveja.

Este é o pecado mais criativo da humanidade. Se não fosse pela inveja não haveria progresso. Só que a inveja é tão boa quanto ruim, dependendo de como você a sente e de como lida com ela. Olhar para uma pessoa realizada com admiração é um tipo de inveja construtivo. Aproveite para aprender com as conquistas de terceiros, não faça como os trotskistas que sofrem muito com o sucesso que não seja o deles próprios e fazem tudo para destruir quem se deu bem. Olhar para quem está melhor e sentir-se inferior vai lhe fazer muito mal.

Nesta linha de pensamento é importante saber que desejar o que outros têm é altamente desaconselhável. Pessoas que costumam fazer isso sofrem demasiado e muitas vezes são levadas a atos criminosos, como furto, roubo e vandalismo.

Há exceções. A única coisa que pode ser roubada sem que sociedade condene e sem que o ladrão ou a ladra possam ser presos é o de consortes. Se a mulher do vizinho for mais gostosa, pode tentar roubar à vontade, que não da galho, a menos que se case com ela. Vai descobrir que é a mesma bosta que a atual. Ou pior.

Eu não prometo porra nenhuma, gosto de sentir inveja, curtir o que os outros têm, até de desejar as mulheres dos amigos. E eles também gostam disso, pois se eu não tivesse tal sentimento, nem suas mulheres, nem seus brinquedos valeriam coisa alguma. Sei de muitos homens que mantém mulheres frígidas em casa apenas para exibir para os amigos.

Só fica combinado de ninguém comentar com ninguém.

A preguiça.

Pobre de quem não tem.

Prometo que não me corrijo no ano que vem. Estou até pensando em me mudar para a Bahia. Não pretendo gastar o resto de minha vida sendo produtivo: a felicidade é inversamente proporcional à produtividade.

A vaidade.

Essa é complicada. O excesso nos torna insuportáveis, a falta nos transforma em fantoches.  Eu quero curtir minhas qualidades e esconder meus defeitos. Quando era mais jovem eu pensava que poderia mudar, corrigir meus defeitos pelo estudo, pela dedicação, mas nada disso funcionou. O fato é que não adianta tentar esconder, mesmo com todo o cuidado, todo mundo sabe, é igual viado enrustido: só quem não sabe que todo mundo sabe é o próprio.

Seja vaidoso, mas não seja fútil. Não tente parecer maior do que é nem mais poderoso, a verdade denunciante tem língua comprida e encontra sempre ouvidos atentos. Eu vou continuar vaidoso de ser como sou: de ter muitos amigos, de ter poucos amigos muito especiais, de ter uma família fantástica, de gozar da saúde que a vida me deu e fazer o que consigo com essa minha carcaça de 63 anos, com corpinho de 62.

E desejo lhe encontrar no fim do ano próximo para fazer um balanço e renovar esses propósitos. Se acontecer, apesar dos tropeços que virão, teremos tido um 2013 feliz.

Mas você não precisa nada disso para ser feliz, seja ao seu modo. Sorria, quando me encontrar me dê um abraço. Seremos felizes naquele instante.

Feliz ano novo. O ano todo.


Moacir Carqueja
Moacir Henrique de Andrade Carqueja
Engenheiro Civil e professor universitário aposentado.Casado, pai de três filhos, residente e apaixonado por Florianópolis.


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