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Colunas


A Morte do Erotismo
por Moacir Henrique de Andrade Carqueja

Data: 05-09-2012


Li há alguns dias num jornal um artigo com esse título. Li porque não posso concordar com ele só de ver a primeira linha, o erotismo não morre, é eterno, é Deus. Li porque queria saber que argumentos teria o autor para matar o imorrível (o corretor automático está a me dizer que não existe o verbete). Li porque nada é mais interessante de se ler do que erotismo. Faço paralelo com Nelson Rodrigues que dizia que só as neuróticas não gostam de apanhar. Só neuróticos não gostam de sacanagem.


Basicamente o argumento mais importante do autor foi discorrer sobre a banalização do erotismo com a pornografia abundante e barata nos meios de comunicação sob a hipótese de que vai cansar. Discordo frontalmente. O sexo nos cansa, mas não nos cansamos do sexo.

Sexo é popular, não discrimina cor, raça ou nível econômico. Todos o praticam com igual entusiasmo e de sua popularidade decorre muito da arte. O tema mais cantado nas músicas populares é sexo, muitas vezes camuflado com a palavra amor. As esculturas de mulheres e homens com corpos perfeitos são eróticas, mesmo as sacras. Na pintura e na fotografia há muito erotismo.

Uma das coisas mais interessantes da vida é aprender sobre ele durante a evolução dos relacionamentos, na curiosidade natural da juventude, no magnetismo resultante que atrai os pares para novos e repetitivos encontros, que quando acompanhados de forte emoção chamamos de paixão. Todos os humanos normais e saudáveis passarão por essas experiências, quando terão certeza de que só eles podem sentir aquilo, terão a ilusão de que é inédito entre os homens, que é divino, daí que vão escrever poemas, compor músicas, tatuar o corpo com alguma coisa que imortalize a relação. Essa atração pode ser tão forte que, sendo rejeitada pela outra parte, leve a atos de violência e crueldade ou suicídio. É um paradoxo, matar quem se ama tanto, mas é muito comum.

Talvez seja isso, na morte do parceiro ou no suicídio, que se mate o erotismo, contudo a natureza é sábia, o desejo sexual é a mais eficiente forma de preservação da vida e da garantia da adaptação às mudanças do meio ambiente. Nosso planeta tem tido seu clima mutante ao longo da sua história e a vida não desapareceu por causa disso. A humanidade já passou por severa glaciação e se espalhou por todas as biotas do planeta, onde apenas os mais fortes e melhor adaptados sobreviveram. Se o sexo não fosse tão bom, se Eros e Afrodite não estivessem dentro de nossas cabeças, não apenas dos humanos, a vida desapareceria. Portanto, a libido é mesmo uma dádiva divina, merece ser venerada, como Venere em Roma, ou Vênus, a deusa do amor, cujo único defeito é ser vetor das doenças sexualmente transmissíveis, ou venéreas. Deus criou o sexo e o desejo, mas isso quem inventou foi o diabo, foi sua maneira de sacanear a gostosa sacanagem. Sob o ponto de vista de um Deus único e verdadeiro, a libido é uma bênção, mas, no meu modo de ver as coisas, erradamente citada no Gênesis como pecado original. Na sabedoria da religião cristã, inventaram o batismo como forma de perdoar antecipadamente tais pecados, porque libido não o é. Complicou? É para ninguém entender mesmo. Já vou adiantando aos reclamantes que o tal pecado original também pode ser interpretado como sendo a maldade intrínseca que todos nós portamos. Está bem agora? Mas eu prefiro a primeira hipótese porque é Freudiana.  

Uma coisa comum é o jovem pensar que as variedades em torno do tema sejam coisas novas e exclusivas de sua geração. Os mais puritanos dirão que é depravação e desgaste dos costumes. Lembro-me de um velhinho, quando eu estava na universidade, que devia ter uns oitenta anos e estava bem acabado, magro, desdentado, claudicante, a quem um amigo, para se divertir com um possível desconforto dele, mostrou uma revista dinamarquesa, que era o que havia de primeira linha na pornografia dos anos setenta. Recebeu de comentário:

- “Isso é coisa velha, eu fazia melhor quando tinha vinte anos.”

Inicialmente ficamos chocados, só podia ser mentira, em nossas cabeças as mulheres de seu tempo transavam de camisola com uma abertura no lugar certo para não mostrar o corpo ao parceiro. É como hoje imaginamos as árabes que só andam na rua de burca. O que não se divulga abertamente, é que as mulheres lá têm as mesmas curiosidades que as daqui, usam as mesmas roupas íntimas, praticam os mesmos rituais de depilação que as nossas. Tudo isso é devidamente informado através da mídia especializada. Se nos anos setenta as xoxotas eram peludas, hoje são raspadinhas de Los Angeles a Dubai. É a moda do erotismo em tempo de globalização. Foi um progresso, não é mesmo? Revistas e filmes pornográficos são proibidos no oriente médio árabe, mas circulam facilmente por baixo das saias e dos véus.

Hoje compreendo perfeitamente, aos raiar dos 63 anos de idade, que nada mudou, nada mudará, que essa sacanagem sagrada permanecerá vívida enquanto houver vida no planeta. E não é exclusividade humana, recentemente assisti um documentário sobre andorinhas que as fêmeas são muito infiéis, copulam com vários machos além do companheiro que constrói o ninho e ajudará a chocar os ovos.

A coisa suscita opiniões contrárias, há gente que teme o desgoverno, que se passe como em Sodoma, que Deus enviará raios e transformará as pessoas em estátuas de sal. Talvez seja bom para preservar os corpos, para eternizar as pessoas sob a forma de charque, mas nem precisa, a própria banalização do erotismo, da prática intensa e depravada, se encarrega de imortalizar o ser humano em sucessivas reproduções. Da camisinha rasgada à pílula que não deu certo os bastardos vão nascendo. E daí vem a seleção natural, os genes que mais se reproduzem são os que se perpetuam, ou seja, os mais fanáticos pelo sexo têm maior probabilidade de ter filhos. Cada vez mais vai se gostar dele, isto tem sido assim desde sempre. Os mais fatalistas preveem que Jesus voltará e vai mandar para o crematório eterno todo aquele que fez sexo em demasia, que teve muitos ou muitas parceiras. Pois já acho que nada disso vai ocorrer e que fogo mesmo é a tesão das mulheres que deve ser apagada. Para isso Deus já nos proveu de competentes mangueiras de incêndio. Também essa pode ser uma morte temporária do erotismo, o período refratário durante o qual passamos a pensar em outras coisas que também são boas.

Claro que se o leitor é fervoroso seguidor de religião que limita a prática sexual nada tem a temer, não defendo a obrigatoriedade de ser libidinoso, mas espero que entenda que não deve impor aos outros sua castração. É o princípio da liberdade de credo, eu creio que sexo é bom, faz bem e cura muitas doenças, principalmente de cabeça. E se leu até aqui, pode ter comportamento exemplar, mas a mente não lhe mente. Se pensa que sexo seja pecado, digo que não escapa dele, pois pode pratica-lo por pensamentos, palavras e obras. Eu prefiro as três formas.

Ser monogâmico é opção de cada um, mas antes de contratar a parceria, casamento, deve-se conhecer o outro lado. Ajuda a aprender e aperfeiçoa sua prática, torna a relação mais agradável.

Eu acho. 


Moacir Carqueja
Moacir Henrique de Andrade Carqueja
Engenheiro Civil e professor universitário aposentado.Casado, pai de três filhos, residente e apaixonado por Florianópolis.


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