Data: 01-10-2012
A profissão mais antiga, dizem, é a de prostituta. Eu particularmente discordo, porque para pagar por tais serviços é preciso ter algum bem material, o que predispõe que o pagador deve ter tido algum trabalho para gerar o bem. Mas que é antiga, ah, isso é.
Dão-se muitos nomes às mulheres que trabalham nesse ramo de atividade: rameira, meretriz, quenga, mulher-dama e outras. A mais notória, mais comum, mais efetiva, é puta. Constata-se que a sociedade nunca gostou das profissionais do amor vendido, uma das formas mais seguras de se arrumar uma baita confusão é chamar alguém de filho da puta. É quase certo dar briga. E será muito mais eficiente, ou seja, o pau come com certeza, se o adversário tiver (ou teve) sua progenitora na zona. Há que se tomar cuidado, pois se ele estiver armado é grande a possibilidade do acusador se tornar presunto em consequência da defesa da honra de uma vadia.
É curioso que agora se admite prostituição como trabalho honesto, com recolhimento de taxas de previdência social, fundo de garantia, essas coisas, mas nenhuma mulher se sente ofendida se for chamada de professora, médica ou atriz. Experimente chamar de puta.
Isso me remete a uma atriz de filme de sexo explícito que foi citada por um crítico de arte como prostituta, ela o acionou por perdas e danos morais. Ele justificou, dizendo que quem faz sexo em troca de remuneração é puta, e nas filmagens ela faz exatamente isso, posto que não é fingimento, os closes mostram penetração. Não adiantou, teve que pagar uma grana para a ilibada atriz.
Algumas vezes o pagamento é indireto, o que não descaracteriza a profissão. Há inúmeros registros de mulheres que seduziram homens. Nada é mais fácil para enganar um homem do que oferecer uma xana transportada por um corpo escultural de mulher jovem. Por mais bem casado que seja o otário, sabemos que mulher boa que se oferece não se dispensa, a menos que o indivíduo seja pelotense, lagunense ou torça pelo Fluminense (rimou tudo!). Pois mulheres fazem isso com extrema pontaria nos seus dias férteis e se emprenham garantindo polpuda mesada extorquida com auxílio judicial de homens famosos. Quem não sabe daquele caso do Rolling Stone que paga uma baita pensão para uma brasileira? E ainda teve efeito colateral, dada a exposição na mídia, ela conseguiu um programa televisivo.
Quando a mulher é importante, daquelas que são citadas em colunas sociais, o nome puta não pega bem, há que usar outros. Por exemplo, se ela for embaixatriz é melhor que a chamemos de meretriz, combina bem. Como fato, podemos nos referir à famosa Lucia Flexa de Lima, embaixatriz e esposa do embaixador Paulo Tarso Flexa de Lima, que se dizia amiga e conselheira da finada Princesa Diana. Pois o casal tem um filho que é, usando uma expressão popular, os cornos do falecido Luiz Eduardo Magalhães, filho de Antonio Carlos Magalhães que ao morrer deixou uma herança de dois bilhões de reais. É dinheiro para prostituir até a madre superiora. Por conta disso a embaixatriz entrou com um processo de investigação de paternidade, em que conta com o apoio do marido, buscando uma fatia no espólio de ACM. Assim ela assume ter dado para o velho baiano com intenções pecuniárias, ou seja, tornou-se meretriz, e o marido aceita passivamente ser conhecido como cornudo e ainda é promovido a cafetão da esposa.
Antigamente a sociedade era um pouco mais restritiva a mulheres com essa vida, mas a história conta casos de muitas que se deram bem e chegaram a ser exaltadas, como Eva Perón que foi resgatada de um cabaré pelo então futuro ditador da Argentina e viria a se tornar ídolo nacional. Até em canonização da vadia já se falou por lá. No Brasil temos um caso semelhante de sucesso, não na política, mas no trato com crianças. Xuxa era atriz de filmes pornográficos e se tornou a mais bem sucedida apresentadora de programas infantis. Isto mostra que em nossa sociedade já não nos incomodamos se as pessoas que convivem com nossos filhos tenham vida libertina. Acho que até gostamos.
Para argumentar melhor, vejo os comentários de meus pares sexagenários que pensam que seja muito melhor ter dezoito anos hoje do que na década de sessenta. E eu concordo, hoje haja pau, mas há um inconveniente, naquele tempo o problema se chamava gonorreia, agora é AIDS. Francamente o buraco é muito mais embaixo.
E nessa sequência de raciocínio, chegamos ao caso de uma garota que está se inaugurando na prostituição em leilão pela internet. Uma catarina, Catarina, está vendendo seu cabaço e está divulgando as cotações de sua xana até na televisão. Fiquei estarrecido ao ver a guria dar uma entrevista com pessoas de uma família presente e, segundo ela, dando-lhe suporte. Até mesmo sua mãe, a Cafetina Mater.
É provável que esse não deverá ser o seu maior michê, visto que a primeira nunca é muito boa. Ela já pode leiloar a segundona, que vai ter muito mais graça.
Já que anunciou tudo na mídia, acho que a Globo poderia fazer um Big Brother para que nós pobres, que não podemos pagar, possamos assistir ao feito. Também penso que é importante ter um carimbo de garantia do INMETRO, mandar uma junta médica da organização fazer verificação se o selo de garantia não foi ainda violado. Claro que a inspeção não vai ocorrer, posto que não está regulamentada. Mas, se o comprador disser que o lacre estava rompido? Vai ser palavra dele contra a dela. Tem devolução da grana ou vai ter que ir ao PROCON?
Não querendo desfazer da guria, que parece gostosinha na TV, acho que ela deve ser fraquinha no jogo do amor. Passou dos vinte e ainda não deu pra ninguém? Se está se vendendo não é por princípios, aí tem algum trauma Freudiano. Aposto que vai ser parecida com uma dessas bonecas chinesas. Talvez pior, provavelmente, além de não se mexer, ainda vai reclamar a noite toda:
- “Ai, não, ai, dói, ai...”
Dizem que o lance já passa de 150 mil. Acho que vale a pena esperar, daqui a um ano o michê da guria vai ser menos de quinhentas pratas. Mas só recomendo pagar se algum aventureiro der boas referências.
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