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Colunas


Hora de Pendurar as Chuteiras
por Moacir Henrique de Andrade Carqueja

Data: 14-03-2012

 

Sempre digo que não acompanho futebol. É uma mentira compulsória, posto que no Brasil é impossível ficar alheio ao que acontece nos relvados, a imprensa dedica sempre a página, ou espaço, mais importante para ele, o rei dos esportes. Não consigo beber meu café e comer meu pão com manteiga, sem ver os gols da rodada. Mesmo que não queira por conta das derrotas dos Avaienses, os times da nossa Floripa.

A força do futebol entre nós é imensa, tanto quanto o sexo, talvez mais do que ele, posto que abrange todas as idades, desde aquelas em que a libido ainda não esteja desperta, até quando jaz morta. As propagandas de cerveja mostram bem isso, misturando as preferências nacionais: bola e bunda. Eu tenho a impressão que se for feita uma pesquisa de opinião de qual delas o brasileiro mais gosta vai dar bola com cerveja. Até porque a alternativa não ficaria bem, se escrita.

Eu bem que tento me alienar, nego-me o direito de assistir peladas na televisão, juro que não vou aos estádios, mas abro exceções, para fazer companhia a filho ou amigo. Também tergiverso quando recebo visitas em horário de jogos, só para agradar o amigo intruso. Podem me perguntar por que não consigo entender qual o motivo de o sujeito não permanecer em sua casa. Usando o jargão do futebol, eu bato o escanteio e corro para cabecear; explico: o fanático torcedor vem acompanhando o resto da família, é tão compulsória sua visita quanto me é assistir ao jogo com ele.

Eu bem que gostaria que as transmissões fossem apenas com o áudio do estádio, com o som das torcidas gritando e se ofendendo mutuamente, com as vozes dos desesperados corneteiros de beira de alambrado, com o humor criativo de adeptos (aê Lusitânia) de bem com a vida e com o coro sempre presente exaltando as qualidades da mãe do árbitro. Infelizmente não é assim e ainda somos obrigados a ouvir opiniões estapafúrdias de comentaristas que muitas vezes mostram que nem sabem direito as regras do esporte. Lembro-me de um ex-jogador que agora é técnico, reclamando da marcação de um impedimento, porque a pelota, antes de ser tocada pelo atleta que estava fora de jogo, havia colidido com a trave.

- “Se a bola veio da linha de fundo, não há impedimento.”

Isso havia sido dito numa dessas resenhas esportivas televisivas de Copa do Mundo, onde havia muitos especialistas no esporte e apenas um sabia explicar que a bola ao bater na trave não partiu da linha de fundo, mas do pé de quem desferiu o tiro ao gol. Mesmo explicando a regra em detalhes, sua tese não era aceita por muitos dos comentaristas. Eles não sabem mesmo quase nada do que comentam.

Em tal cenário, somos bombardeados por essas bobagens que percolam para outras mídias, como a internet, onde torcedores se espetam com piadas de bom e mau gosto, ou com ameaças de duelos entre torcidas organizadas, até com batalhas com local e hora marcados.

Na falta de assunto dentro do campo, e precisando fabricar notícia, a imprensa especializada se volta para o ambiente do clube. Trata das fofocas palacianas das relações entre dirigentes, cuida dos patrocinadores das equipes, da intimidade dos atletas. E exalta e endeusa os mais proeminentes. Chega-se a absurdos; Edmundo foi goleador do Vasco, Palmeiras, Figueirense (e outros times grandes) e recentemente vi uma postagem no Facebook em que era considerado ídolo, que objetei imediatamente, posto que este senhor matou três pessoas dirigindo embriagado. Se nossa sociedade coloca a habilidade desportiva acima das qualidades morais de um cidadão, está condenada à violência. Qualquer semelhança com histórias conhecidas não é mera coincidência.

Hoje vi, no café da manhã, que o Imperador Adriano deixou o Corinthians. Nada contra o timão, nada contra o nobre atleta, mas acho que já vai tarde. Faz tempo que ele se mandou da Itália e se refugiou numa laje carioca, cercado de amigos de boa índole, que cuidavam dele à siciliana, isto é, fazendo segurança pessoal armados até os dentes, comendo churrasquinho de gato e bebendo cerveja. Eu até defendi o Adriano com uma crônica, pois ele já estava rico, não aprendeu a falar italiano muito bem, e as mulatinhas brasileiras são mais quentes que as louras geladas europeias. Que curtisse a vida e os bailes funk. Então ele pisou na bola, tentou fazer o mesmo que Ronaldo, irritar a urubuzada que o criou, em lugar do Mengão foi pro Curingão para tentar encerrar a carreira em grande estilo.

Estava bem gordinho nosso herói e teve imensa dificuldade em trocar a cerveja por água mineral, pão com linguiça por salada, e permaneceu ganhando sem jogar por muito tempo. Virtualmente até que entrou em campo, parece que fez um gol importante no campeonato brasileiro do ano passado, mas foi só. A única semelhança com o Fenômeno era o perímetro da cintura. Foi o salario de jogador mais fácil de ser ganho no futebol brasileiro dos últimos tempos. Morro de inveja dessa grana, eu (assumido perna de pau) também seria capaz de fazer o que ele fez, com exceção do tal gol no Galo, um lampejo de seu passado.

A notícia de rompimento do contrato não surpreendeu a Fiel Corintiana, mas dizem que assustou os flamenguistas com a possibilidade de ele querer ainda tentar alguma coisa no Rio de Janeiro. Meus amigos chegados a um urubu até postaram mensagens angustiadas no Facebook.

Como tem ocorrido com tantos jogadores que não sabem a hora de parar, Adriano perdeu a chance de sair com a imagem dos grandes lances preservada, aposentou-se (espero que sim) com uma patética aparência.

O envelhecimento não acontece apenas entre atletas, mas também ocorre com dirigentes, embora pareça que estes duram mais. Enquanto um jogador começa a carreira por volta dos dezessete anos, deve parar perto dos trinta, quando suas pernas já não suportam mais dar e receber tanta porrada, um diretor pode ficar décadas mandando em sala climatizada e viajando de primeira classe. O Ricardo Teixeira estava na CBF desde 1989, ou seja, 23 anos. Viu o Adriano começar e terminar sua carreira na seleção, assim como o Ronaldo Fenômeno.

Em seu longo mandato conseguiu vários títulos para o futebol brasileiro e também muitos inimigos, entre eles o baixinho folgado, Romário. Se não me engano esta vendeta nasceu do corte dele por alegada contusão na Copa do Mundo de Paris, em que o atleta se despediu chorando diante das câmeras. Eu defendo a comissão técnica da seleção, se está bichado fica na poltrona, no banco só deve permanecer quem pode jogar. Dizem que não estava contundido, que sua dispensa foi a pedido da patrocinadora da equipe, a Nike. Continuo defendendo a comissão, pois jogadores fazem o mesmo, amam a camisa que paga mais, e beijam o escudo para a torcida; o Romário, no Rio, só não jogou no Botafogo. Se a Nike botou grana, não podia admitir atleta com chuteiras da concorrente.

O Teixeira também vai embora tarde, como já deveria ter ido o Sarney, como metade do Congresso Nacional, como tantos decrépitos ou togados de mau caráter dos órgãos colegiados de nossa justiça. A renovação tem que acontecer sempre e regularmente, e enquanto o indivíduo está atuando produtiva e honestamente no cargo. Deixar de si uma imagem positiva.

E isso vale para todos nós.

 


Moacir Carqueja
Moacir Henrique de Andrade Carqueja
Engenheiro Civil e professor universitário aposentado.Casado, pai de três filhos, residente e apaixonado por Florianópolis.


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