Deprecated: mysql_connect(): The mysql extension is deprecated and will be removed in the future: use mysqli or PDO instead in /home/storage/3/0e/5d/campogrande1/public_html/old/ga-admin/includes/conexao.php on line 18
Colunistas | Campo Grande Net

Warning: Creating default object from empty value in /home/storage/3/0e/5d/campogrande1/public_html/old/template/head.inc.php on line 123
Banner-CGNet-Servsal

Warning: Creating default object from empty value in /home/storage/3/0e/5d/campogrande1/public_html/old/template/head.inc.php on line 139
AACC_ARRAIÁ-AACC_BANNER_510-x-95

Colunas


Wando
por Moacir Henrique de Andrade Carqueja

Data: 15-02-2012

 


Fazia muito tempo que eu não ouvia falar dele. Nunca fui muito fã desse músico, mas até que gostava daquela que dizia: “você é luz...”

Que eu me lembre, é a única de suas canções que eu sei cantar, ou que me recorde sem fazer uma busca na teia. Como ela surgiu num tempo em que eu passava as noites mais acordado do que dormindo, eu até a cantava com o violão. Insisto que não era por ser fã do Wando, nem morrer de paixão pela melodia ou sua letra, era cantar sob demanda. Por algum motivo, que eu nunca vou saber qual é, a mulherada gostava de suas músicas e dele também. E qualquer boêmio sabe que pedidos de uma suplicante solitária com dor de corno não se nega, ou vai dormir sozinho. Melhor tirar a música antes de ir para a farra e cantar quando pedirem.

Eu tenho sorte de já estar na terceira idade depois que essa onda de música caipira chegou, para mim seria uma seção de automutilação cantar essas coisas que tocam por aí. E não sei como é que tem gente que gosta daquilo. Digo isto porque não foi apenas ao Wando que concedi que meu violão tocasse, de nariz torcido, canções de gosto discutível, também cantávamos outras músicas que não apreciávamos nos nossos saraus, que eram em mutirão: um cozinheiro, um especialista em bebidas, vários músicos, alguns deitados na sopa que nada faziam, alguns batuqueiros e a mulherada. E dava trabalho cantar o que não era exatamente nosso gosto. Primeiro tinha que comprar o disco, ou gravar uma fita, naquele tempo ainda não havia HD, DVD ou pen-drive, aquelas bolachas de vinil exigiam operador atento porque não dava para apagar as demais faixas do LP, como se faz hoje, com um clique. Era no braço. Era necessário ouvir várias vezes até memorizar a melodia e os trejeitos vocais do artista se quisesse fazer um cover de qualidade. Finalmente, buscar os acordes de ouvido ou de alguma revista com as cifras, mais algumas horas de prática, e o bardo estava pronto para cantar para sua musa descornada, bêbada, em fim de festa. Tudo isso para levar para casa alguma moçoila, ou balzaquiana, carente. Mas valia a pena tanto trabalho, pois é como dizem, a cobra que não canta não engole perereca.

Não sabia como começou a baixaria, mas as apresentações dele levavam algumas mulheres a atitudes que eu considerava impensadas, jogavam as calcinhas no palco. Fui pesquisar na internet, essa santa esclarecedora de tudo, e descobri que num álbum de 1990, de título Tenda dos Prazeres, ele colocara uma calcinha de cabeça para baixo representando uma barraca. E eu, desligado, nunca tinha percebido, talvez por não ter comprado o disco, conhecia calcinha por outro codinome: porta-joias. Tudo a ver, título e temas, suas músicas eram ditas românticas, mas com um forte erotismo, ele gostava de quase entrar em detalhes. Depois, em um golpe de marketing, começou a fazer como Elvis Presley, que distribuía lenços, só que ele dava calcinhas. E logo passou a receber em troca. Como nunca fui a um de seus shows, não vi o escambo, e demorou até que eu tomasse ciência do fato. Foi uma pena, eu gostaria de ter presenciado as garotas retirando as peças de roupa para oferecer ao ídolo, teria curtido muito. Acho que eu até incentivaria:

- “Joga a saia também, ele vai adorar!”

Imagino a loucura da mulherada, supondo que ele beijasse a calcinha antes de atirar para a plateia. Que imaginavam suas fãs?

Houve um tempo em que ele fazia um show no Canecão (Rio) em que se apresentava com uma banheira no palco e uma mulher tomando banho. Esperto ele, as mulheres iam para assisti-lo cantar e os namorados, maridos, amantes, para ver a dona pelada. Eu concluo que essas mulheres da plateia deviam ser muito feias, caso contrário seus parceiros não suportariam um sarau só para ver, de longe, um corpo nu e belo, se tivesse alguma coisa que valesse a pena em casa. Chegava a distribuir convites para uma noite em motéis. Mais uma vez apelo para a imaginação de ele entregando o voucher e dizendo ao ganhador:

- “Eu canto e você come.”

Brincadeiras à parte, ele foi um compositor de talento e cantamos muitas de suas músicas que se celebraram em vozes de terceiros. Sua guinada para o romantismo erotizado foi uma escolha de sua plateia: as mulheres adoravam quando cantava esse tipo de música na noite paulistana. Se não fosse por dinheiro, seria por tradição, homens sempre acabam fazendo o que as mulheres gostam. Então, como consequência, alguns dos títulos de seus álbuns foram muito sugestivos: Ui-Wando, Obsceno, Depois da Cama, O Ponto G da História.

Nenhum artista é unanimemente apreciado e não vai ser difícil encontrar pessoas que divirjam de meu gosto. Viva a variedade, mas a polêmica pode chegar a extremos por gostar ou não de alguém. Pude apurar que no funeral compareceu o Deputado Agnaldo Timóteo, conhecido cantor brega, que foi expulso do local pela filha do finado protagonista, que o acusava de ter falado mal do pai. Quem sabe um pouco dos hábitos do cantor conhece seu gosto por barracos e eu imagino que o Agnaldo tenha saído de lá feliz da vida com o bate-boca. Ganhou publicidade grátis. E aí reside a dúvida, o deputado Agnaldo gostava do Wando ou só queria aparecer?

Wando nos deixou e com ele uma lacuna impossível de ser preenchida. Agora resta a família desolada com a perda de um ente de projeção nacional. Com artistas é assim, são insubstituíveis, não é como nas empresas ou nos impérios onde se diz: rei morto, rei posto. Contudo, acho que a esposa tem tudo para se recompor. Examinando as imagens disponíveis na internet e vendo as reportagens de televisão, percebi que a viúva ainda é uma galinha que dá bom caldo. Está tão sensual e bela que para ela eu até tiro meu chapéu. Acho melhor não, em conformidade com as tradições da família criadas pelo finado esposo, eu corrijo: eu até tiro a cueca.


Moacir Carqueja
Moacir Henrique de Andrade Carqueja
Engenheiro Civil e professor universitário aposentado.Casado, pai de três filhos, residente e apaixonado por Florianópolis.


    Compartilhe


Outras Colunas


>> Carteira Assinada

>> Pedal Dengoso

>> Orgia noTemplo

>> A Queda

>> Dois Tarados Pedalando

>> Fé na Ciência

>> Só me faltava isso.

>> A Serviço dos Ianques

>> Escala de Tombos

>> Mad Max

>> Vestido de Noiva

>> Lista para 2013

>> Natal do fim do mundo - 2012

>> Vítimas de Newtown

>> A Amásia Lobista

>> Julgamento do Bruno

>> Corrida Matinal

>> Segurança no Condomínio

>> Aos que pensam que Cuba é ruim

>> Entregando Pizzas

>> Primeiro Michê

>> Aumentando a Frequência

>> Carango Baratinho

>> Bota a Camisinha

>> A Morte do Erotismo

>> Ata de Reunião

>> Vaso Entupido

>> Mais cotas.

>> Carioca na Campanha

>> Estatísticas de Orgasmos

>> Doutor do Boi de Mamão

>> Encontro na Varanda

>> CPI dos Holofotes

>> A Tiazinha

>> Toc-toc

>> Negociando no Congresso

>> A Cunhada do Wronsky

>> Ah, Espelho Meu...

>> Mamãe vai às compras

>> Meio Século de Espera

>> Matei um Monte

>> Malandro é Malandro

>> O Zelador

>> Hora de Pendurar as Chuteiras

>> Ossos do Ofício

>> Ambulância

>> Bloco de Sujas

>> Noites de Verão

>> Censura às Idéias

>> Vício

>> Recordista de Abates

>> Previsões de Carquejamus para 2012

>> Ressaca da Despedida de Solteiro

>> Natal 2011

>> Despedida de Solteiro

>> Festinha Adolescente

>> Cidadania italiana postergada

>> Lei Seca

>> Cidadania italiana

>> Palestra de Prostituta

>> A Prova do ENEM

>> Prorrogação

>> Inspeção sanitária

>> Porta-voz divino

>> Automóveis

>> Bolero

>> O Namoro de Dona Zilda

>> Chutando fora

>> Arquiteto Afeminado


Calendário

«Maio - 2024 »
DSTQQSS
   1234
567891011
12131415161718
19202122232425
262728293031 

banner-Ópitica_do_Divino



O portal da Cidade de Campo Grande. Informações sobre os acontecimentos da Capital de Mato Grosso do Sul; cultura, lazer, gastronomia, vida noturna, turismo e comércio de Campo Grande.