Deprecated: mysql_connect(): The mysql extension is deprecated and will be removed in the future: use mysqli or PDO instead in /home/storage/3/0e/5d/campogrande1/public_html/old/ga-admin/includes/conexao.php on line 18
Colunistas | Campo Grande Net

Warning: Creating default object from empty value in /home/storage/3/0e/5d/campogrande1/public_html/old/template/head.inc.php on line 123
Banner-CGNet-Servsal

Warning: Creating default object from empty value in /home/storage/3/0e/5d/campogrande1/public_html/old/template/head.inc.php on line 139
AACC_ARRAIÁ-AACC_BANNER_510-x-95

Colunas


Vítimas de Newtown
por Moacir Henrique de Andrade Carqueja

Data: 21-12-2012

 

Todo progresso tecnológico permite o desenvolvimento de novas armas, novas formas de matar. Atualmente a humanidade tem armamento suficiente para se aniquilar, levando junto com ela quase toda a vida terrestre, várias vezes. Não estamos a salvo dessa hecatombe. Antes disso havia o receio de uma arrasadora guerra nuclear, ela quase ocorreu quando o mundo assistiu perplexo o famoso caso dos mísseis soviéticos em Cuba. Por conta do medo dessa guerra os dois lados da cortina de ferro se armaram até às entranhas da terra com mísseis balísticos e submarinos estratégicos que poderiam lançar dezenas de ogivas letais. Por insano que possa parecer, foi a constatação de que uma guerra entre essas superpotências não teria vencedores, que evitou o nosso desaparecimento.

A racionalidade dos estrategistas foi da maior importância. Imagine o que poderia ter acontecido se quem decidisse apertar o botão vermelho fosse pessoa passional. Um fanático membro da Al Qaeda, por exemplo.

Cada vez que ocorre algum episódio de massacre que nos toca a alma tempos impulsos de propor soluções imediatistas, triviais. Os pacifistas simplesmente propõem que se desapareça com as armas de fogo.

Quando eu era menino havia nos arredores de Florianópolis muita caça, era comum meus vizinhos se armarem para esse esporte de sobrevivência. Armas de fogo nunca foram baratas, muitos fabricavam suas próprias escopetas de carregar pela boca, que chamavam espingardas pica-pau. Era simples, o cano era um semieixo automotivo, os do fusquinha serviam bem, cortado em comprimento adequado. Na parte de trás, na lateral da culatra, um furo para colocar a espoleta, quase sempre daquelas de revolver de brinquedo. Isso era montado numa coronha de madeira fabricada artesanalmente. O mecanismo de disparo era um percursor acionado por um elástico de borracha e o gatilho era uma peça que destravava o mecanismo.

A carga de pólvora era fabricada em casa. O caçador comprava salitre do Chile, misturava com carvão em pó e enxofre. Só isso, simples assim. Colocada a carga de pólvora pela boca, cobria-se com esferas de chumbo, esferas de rolamentos de automóvel, cascalho ou sal. Este último era destinado aos vizinhos que se metiam a furtar frutas do quintal. Era quase dessa forma que se armava a infantaria de Napoleão.

Recentemente, a imprensa noticiou o massacre de Newtown. Os idiotas da objetividade, como dizia Nelson Rodrigues, sairam às ruas com cartazes pedindo o banimento das armas de fogo. O argumento lógico é que se não se têm acessa a elas, os imbecis não podem cometer este tipo de delito. Discordo frontalmente.

Já faz algum tempo que um idiota chamado Timothy McVeigh destruiu um edifício inteiro em Oklahoma City, matou 168 pessoas, sendo 19 crianças de uma creche, e não usou armas de fogo. Nem se serviu das facilidades da venda delas nos Estados Unidos. Tudo que ele fez foi carregar um caminhão com mistura de nitrato de amônio e óleo Diesel. Esta mistura é usada na engenharia civil para remoção de rochas em estradas e túneis. Novamente é a tecnologia presente, a descoberta do explosivo que permite realizar a obra benfazeja e o massacre hediondo.

Todas as informações de como fazer essas coisas estão disponíveis na internet, garanto que há desses imediatistas que defendam o bloqueio da mais fantástica invenção humana para evitar que coisas ruins sejam informadas aos bons. É assim na China, é assim no Irã, países altamente fechados.

Estes delitos coletivos praticados contra crianças e adolescentes ocorrem no mundo todo, Austrália, Noruega, Finlândia, China. Não é privilégio de americanos. Podem ocorrer em locais que o número de assassinatos seja quase zero.

Voltando ao objetivo desta reflexão escrita, consultei os arquivos disponíveis na rede sobre o número de homicídios em Connectcut no ano passado. Para uma população de 3.580.709 habitantes houve um total de 128 assassinatos. Baixíssimo se comparado com qualquer estado brasileiro. Se lá o individuo pode andar armado até os dentes, o argumento de que a arma é que faz a violência está totalmente errado. Interessante ver que outros crimes, como furto, roubo, estupro, ocorrem em números relativamente elevados.

No Brasil é praticamente proibido andar armado, não se consegue porte de arma e as autoridades, a despeito de o povo ter dito que era a favor, colocaram tantas dificuldades na venda de um trabuco que fizeram com que o comércio específico desaparecesse. Apesar de estarmos desarmados, episódios de massacres semelhantes ocorreram este ano diversas vezes em São Paulo, a diferença é que os assassinos não executaram crianças em creches, executaram pessoas nas ruas, principalmente policiais, em bares, nas suas casas. Claro, homens da lei são pagos para isso, levar tiros. Ninguém estranha. São 50 mil brasileiros mortos anualmente por todo tipo de armamento, inclusive facas caseiras.

A criminalidade aumentou com o banimento das armas de fogo para os cidadãos de bem, sem ficha policial. Ficou extremamente fácil praticar um assalto, invadir uma residência, executar uma encomenda. Nem juízes escapam. Ao bandido damos a vantagem da surpresa e a certeza de que vai encontrar pessoas mansas e indefesas. Mata-se em assaltos em busca de dinheiro para uma pedra de crack, um pacotinho de cocaína se o assaltante não obtiver o numerário ou se a vítima esboçar alguma intenção de fuga. Se o bandido julgar que o otário esteja pensando em reagir, então ele não hesita. Pum!

Bandido não compra armas legalmente, não tem porte de armas. Isso não mudou com a entrega de armas pela população. Fizeram uma campanha enorme há alguns anos, argumentando que a arma do criminoso era furtada do cidadão comum. Já faz tempo que entregamos nossas pistolas e o armamento das quadrilhas só aumentou de calibre, não foi roubado de pessoas comuns, foi importado ou tomado do arsenal oficial brasileiro.

Andar ou não armado deveria ser decisão de cada um de nós, desde que não tenhamos antecedentes criminais. Isso vai levar a acidentes, certamente, inocentes morrerão, mas teremos muito menos mortes do que estes valores anuais que nos remetem a um Viet-Nam. O total de perdas de vidas americanas em anos de guerra foi 58.220. Temos uma guerra do Viet-Nam por ano. Ninguém se escandaliza?

Minha tese é contrária à dos desarmamentistas. As pessoas evitarão brandir uma pistola, ou um fuzil, para ameaçar ou matar alguém se souberem que à sua volta pode haver muita gente armada. Nesse caso, apertar o gatilho pode ser como apertar o botão vermelho da guerra nuclear.

Os romanos já sabiam da natureza humana que não evoluiu com a civilização:

Ci vis pacem, para bellum.


Moacir Carqueja
Moacir Henrique de Andrade Carqueja
Engenheiro Civil e professor universitário aposentado.Casado, pai de três filhos, residente e apaixonado por Florianópolis.


    Compartilhe


Outras Colunas


>> Carteira Assinada

>> Pedal Dengoso

>> Orgia noTemplo

>> A Queda

>> Dois Tarados Pedalando

>> Fé na Ciência

>> Só me faltava isso.

>> A Serviço dos Ianques

>> Escala de Tombos

>> Mad Max

>> Vestido de Noiva

>> Lista para 2013

>> Natal do fim do mundo - 2012

>> A Amásia Lobista

>> Julgamento do Bruno

>> Corrida Matinal

>> Segurança no Condomínio

>> Aos que pensam que Cuba é ruim

>> Entregando Pizzas

>> Primeiro Michê

>> Aumentando a Frequência

>> Carango Baratinho

>> Bota a Camisinha

>> A Morte do Erotismo

>> Ata de Reunião

>> Vaso Entupido

>> Mais cotas.

>> Carioca na Campanha

>> Estatísticas de Orgasmos

>> Doutor do Boi de Mamão

>> Encontro na Varanda

>> CPI dos Holofotes

>> A Tiazinha

>> Toc-toc

>> Negociando no Congresso

>> A Cunhada do Wronsky

>> Ah, Espelho Meu...

>> Mamãe vai às compras

>> Meio Século de Espera

>> Matei um Monte

>> Malandro é Malandro

>> O Zelador

>> Hora de Pendurar as Chuteiras

>> Ossos do Ofício

>> Ambulância

>> Bloco de Sujas

>> Wando

>> Noites de Verão

>> Censura às Idéias

>> Vício

>> Recordista de Abates

>> Previsões de Carquejamus para 2012

>> Ressaca da Despedida de Solteiro

>> Natal 2011

>> Despedida de Solteiro

>> Festinha Adolescente

>> Cidadania italiana postergada

>> Lei Seca

>> Cidadania italiana

>> Palestra de Prostituta

>> A Prova do ENEM

>> Prorrogação

>> Inspeção sanitária

>> Porta-voz divino

>> Automóveis

>> Bolero

>> O Namoro de Dona Zilda

>> Chutando fora

>> Arquiteto Afeminado


Calendário

«Maio - 2024 »
DSTQQSS
   1234
567891011
12131415161718
19202122232425
262728293031 

banner-Ópitica_do_Divino



O portal da Cidade de Campo Grande. Informações sobre os acontecimentos da Capital de Mato Grosso do Sul; cultura, lazer, gastronomia, vida noturna, turismo e comércio de Campo Grande.