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Fé na Ciência
por Moacir Henrique de Andrade Carqueja

Data: 08-03-2013


É preciso crer. Nenhuma teoria é possível sem que haja crença. Tanto as mais absurdas ideias humanas, como as mais espetaculares, são embasadas em alguma crença. Toda prova matemática advém de axiomas que não são demonstráveis, mas aceitos como verdades absolutas.


Se a fé reside na base da ciência, então a religiosidade, a crendice e os mitos podem ter o mesmo tratamento, podem ser plausíveis.

Muitos materialistas acreditam que uma cultura refinada leve as mentes a não crerem na existência de Deus, mas encontramos inúmeros cientistas renomados, mentes brilhantes, que não negam sua existência. Há exceções, como eu que sou materialista e não concordo com a ideia. Também não gosto do materialismo messiânico, daqueles que se julgam iluminados e pensam que devem combater as crenças religiosas. Acho que são tão chatos quanto os profetas de programas televisivos da madrugada e sacerdotes de igrejas em cinemas desativados. Tão perigosos quanto cardeais pedófilos. Julgo que o universo se fez sem o dedo divino e penso que cada um deva crer no que queira, a evolução nos dirá a verdade. Bem, quiçá nunca diga.

Não creio em Deus, nada do que vejo justifica sua existência, mas não posso provar que inexista. Para os que creem, Deus não precisa fazer sentido, mas também não conseguem provar que exista. Empate técnico, escolha sua opção de acordo com sua intuição racional. Ou racionalidade intuitiva. Não importa, em ambos casos estaremos sem argumentos, em ambos somos burros discutindo o que não sabemos.

Focando no pensamento dos criativistas, percebo argumentos indefensáveis que alguns insistem em proclamar. Há muitos anos eu conversava com um médico adventista que me dizia que a teoria de Darwin não podia ser comprovada, mas que era muito bem criada, contudo nunca seria verificada. Hoje as análises de DNA mostram que a evolução existe como fora prognosticado pelo passageiro do Beagle, mas aceitar os genomas como prova requer que se creia no que não pode ser visto. Só quem trabalha nos laboratórios de manipulação genética sabe com certeza, o resto dos mortais tem que crer no que eles publicam. De certa forma, a cultura científica ajuda ao homem crer nos resultados experimentais e na teoria. É uma forma de doutrina.

Também é curioso que os homens usem equipamentos altamente refinados pela tecnologia e ainda assim rejeitem as teorias científicas. Nenhum humano pode saber tudo que já foi descoberto, já não cabe numa vida, há que se aceitar afirmativas para continuar evoluindo. Vejamos os aparelhos de GPS, tão populares atualmente. Para que funcionem é preciso que se calcule a variação do tempo em função da velocidade, teoria da relatividade. Os satélites que nos dão nossa posição trafegam em velocidade diferente da terra, precisam fazer essa correção e usar relógios de inimaginável precisão. Quem usa GPS em cartografia não precisa estudar as equações de Einstein. Tal usuário pode ser um estúpido que garanta que a teoria da relatividade é apenas um delírio. Contudo os resultados práticos são bons, tão bons que já não temos que discutir com nossas mulheres nas viagens, que sempre querem que paremos para buscar informações, todos acreditamos que os aparelhos funcionem, implicitamente aceitamos os resultados das teorias.

Mas isso é agora. Pergunto aos velhos, sessentões como eu, se as pessoas acreditariam se alguém dissesse que veríamos isso quando éramos meninos. Talvez, mas seria só ficção científica, como Flash Gordon, bacana mas irreal. Ainda há pessoas duvidando que homens já pisaram na Lua.

Circulou recentemente no Facebook a imagem de um professor numa escola adventista explicando que dinossauros foram extintos no dilúvio. Vi inúmeros ataques por parte dos internautas dizendo que a religião é um problema, um mal para a humanidade. Eu discordo. Como não dispomos de nenhuma explicação para a vida, nem para o que seja nossa consciência, qualquer consolo que apareça para mitigar esse senso de inexorável desaparecimento total é bem vindo. O conceito de imortalidade da alma cai bem. Mas o dilúvio é fisicamente impossível, não se pode cobrir com chuva todos os continentes, embora, se a terra fosse uma esfera perfeita, teríamos um único oceano com profundidade de mais de dois mil metros.

Quando passamos para o lado da crendice da ciência vemos teorias que com o tempo vão sendo modificadas, vão se tornando obsoletas e indefensáveis, assim como algumas doutrinas teológicas. Dizem os estudiosos que já sabem a idade do Sol e que conseguem avaliar quando vai morrer. Eu acho que tem muita pretensão nisso, se não podem saber quanto tempo cada um de nós vai viver, mesmo fazendo todo tipo de acompanhamento, examinando o paciente, nem enviando para Cuba. Querem assinar o atestado de óbito solar com dois bilhões de anos de antecedência? Viram? Eu também sei levantar suspeitas.

O verdadeiro cientista não deveria ter credo religioso, nem partidário, muito menos ser signatário de qualquer dessas propostas redentoras: fascismo, nazismo, comunismo, etc. Sua neutralidade se faz necessária para que olhe as evidências sem tender a alguma explicação. Admiro que, apesar de ser cristão, Darwin tenha escrito sua teoria revolucionária que foi severamente atacada pelos clérigos ingleses, até mesmo o comandante do Beagle, que em muito o ajudou no seu trabalho, rejeitou a conclusão lógica. Como o homem seria um primata se a bíblia diz que foi feito de barro?  Há coisas piores, Deus fez Eva de uma costela de Adão, seria um clone? Se é clone, sabemos hoje, teria que ter o mesmo sexo. Taí uma teoria para justificar o homossexualismo, Eva era macho e, portanto, gostar de machos ou de fêmeas é indiferente.

Há alguns ramos do conhecimento humano em que a crença se faz ainda mais necessária e onde o viés doutrinário se faz mais sentido. Um deles é a história universal. Um pesquisador encontra uma evidência de que ocorreu uma batalha em determinado local. Se ele for Marxista vai buscar justificativa para mostrar que o opressor capitalista estava atacando um povo livre e progressista, ou o contrário, um povo livre tentava libertar outro das garras do capitalismo pusilânime. Na Guerra do Paraguai um historiador encontrou relatos de haver uma fundição que fabricava ferraduras e a transformou em usina siderúrgica que competia com a Inglaterra.

Há quem creia que o universo seja matemático. Os físicos tentam unificar as teorias, porquanto todas funcionam em determinada faixa de eventos. A física de Newton não concorda plenamente com a teoria da relatividade, mas resolve muitas coisas sem se saber por que a matéria exerce atração gravitacional. Eu acho que não é possível modelar o universo matematicamente. Eu acho, insisto. Nós engenheiros modelamos nossos problemas com matemática, mas as respostas costumam ficar distantes da realidade. Engenharia não é exatidão. Para termos todas as equações que regem o universo temos que combinar com Deus, mas ele não vai concordar, nenhum profeta era engenheiro. Além disso, se pudéssemos ter tudo modelado bastaria calcular e poderíamos saber o que irá ocorrer, até mesmo as decisões das pessoas, por mais que elas julguem estar decidindo seu futuro. Mesmo que se possa, prefiro crer que nunca poderemos para preservar minha ilusão de liberdade de escolha. Imagine que um enorme computador mostre que você vai se casar com uma bela mulher e vai ser corno. Diz até o nome da bisca e você não pode fazer nada... Vai se casar assim mesmo porque o universo é matemático e sua decisão está tomada antes mesmo de conhecer a vadia.

Os pastores vendem o paraíso depois da morte para quem é bom cristão, o que inclui seguir os mandamentos e ajudar a manter as igrejas com o dízimo. É um excelente marketing, o Silas Malafaia está rico, mas nunca entregou a mercadoria vendida, que é vida após a morte no céu. Ou, se é que alguém recebeu, não temos testemunhas. Atitudes semelhantes tomam cientistas de grupos de investigação. Muitas vezes são necessários golpes publicitários para que a opinião pública e os órgãos de fomento financiem pesquisas caras.

Pouco antes de se iniciar o programa de envio de naves robóticas a Marte, uma descoberta movimentou a imprensa científica em todo o Mundo. Um meteorito encontrado no continente antártico seria proveniente do planeta vermelho e apresentava estruturas que poderiam ter sido construídas por algum ser vivo. Novamente a discussão da origem da vida (estamos sós no universo?) voltou ao debate e aguçou a curiosidade humana. A NASA ganhou verbas para desenvolver o programa de pesquisa marciano. Será que tem vida lá?

Em visita recente ao British Museum, vi um meteorito originário de Marte na área de mineralogia com um pedaço cortado. Havia um texto com explicação de que meteoritos marcianos são muito raros, cerca de setenta conhecidos, e que são valiosíssimos para a ciência. Dizia ainda que sabem de sua origem por conta dos minerais presentes, que os astro-geólogos identificam apenas naquele planeta.

Pode ser... Eu olho para o céu de noite e vejo muita coisa, olho para as imagens do Hubble e sei que existem zilhões de galáxias. Aí vem um sábio astrônomo me dizer que aquela pedra tem um carimbo Made in Mars? Não creio, acho que é quase impossível. De qualquer modo, tudo se falsifica, por que não acreditar que teorias e meteoritos de Marte sejam falsos? Acho que se examinarmos bem a tal pedra, considerando a indústria asiática de falsificações, vamos encontrar a estampa: Made in China.


Moacir Carqueja
Moacir Henrique de Andrade Carqueja
Engenheiro Civil e professor universitário aposentado.Casado, pai de três filhos, residente e apaixonado por Florianópolis.


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