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Colunas


Censura às Idéias
por Moacir Henrique de Andrade Carqueja

Data: 25-01-2012


Não é novidade a censura. Praticamente todas as culturas desenvolvidas a praticam, muitas vezes usando o estandarte da liberdade de expressão como argumento. A censura reside no medo de que alguma ideia prevaleça contra os objetivos de alguém, ou que lhe crie alguma situação de desconforto, se consolide, ainda no pavor de que o desconhecido surja em sua vida desencadeando eventos incontroláveis. Sob este aspecto somos todos censores em maior ou menor escala.

As sociedades se tornam mais ou menos fechadas com o passar do tempo e com as inexoráveis mudanças socioeconômicas. Para se preservar a hierarquia social é que se estabelecem padrões de linguagem, tratamento formal. Quando menino eu era obrigado a tratar meus pais como senhor e senhora, uma referência servil, escravos têm senhores, um resquício de um tempo não muito distante em que eles eram comuns. No passado real português era corriqueiro o tratamento aos fidalgos de Vossa Mercê, na brasileira senzala tornou-se vosmecê, que muitos abreviavam VoCe, e a abreviatura se tornou o tratamento que hoje damos. Aos importantes tratava-se assim, aos iguais e inferiores tu. Corruptela semelhante se deu com Real Engenho, subúrbio carioca. Na fachada que identificava a estação ferroviária se abreviava Real Engo., que o povo lia Realengo e é como se chama atualmente. É um caso incomum: de engenho real foi rebaixado para a categoria de bairro de subúrbio, e de nome nobre de duas palavras tornou-se uma única que, ainda por cima, soa feio.

Os cariocas eram convivas da corte, importantes, que consideravam o resto do Brasil simples províncias e chamavam seus habitantes de provincianos, geralmente significando incultos; gostavam de se tratar com falso respeito usando linguagem rebuscada, mesmo na intimidade usavam o você em lugar do tu. Como deputados que dizem “Vossa excelência não passa de um filho da puta!” no plenário. O populacho inculto, que era a maioria dentro e fora da capital (ainda é, apesar de declarações de governantes negando), passou a imitar os ilustres e o tratamento se vulgarizou a ponto de muita gente pensar que chamar alguém de você é quase desrespeitoso. Pois em algumas comunidades do interior de nossa Maneville (Floripa para quem não sabe) ainda se faz essa distinção, como sói ocorrer em algumas partes da nação e nos demais países lusófonos, saiba o leitor que estará sendo bajulado com o máximo de formalidade se algum mané lhe disser:

- “Seu Zé, ô truxe uma curvina ajeitada pra você”.

Mesmo que seu nome seja Antônio.

Exigir tratamento respeitoso é uma forma de censurar, mas essa não me incomoda. Há outras formas de censura que estão aparecendo que me tiram o sossego. Por exemplo, não podemos mais chamar um indivíduo de leproso, o nome correto passou a ser portador de Hanseníase. Por que isso? Será que a doença vai incomodar menos? Vai curar mais rápido? O que vão dizer os imbecis do politicamente correto é que o nome antigo causa estigma, rejeição. Eu rebato, o que causa rejeição é a doença, não o nome. Basta termos uma epidemia de Hanseníase que o nome vai se tornar tão odiado quanto lepra. Tísica se tornou tuberculose, que logo devem mudar o nome. Os obcecados do patrulhamento ficam controlando pessoas sobre como se manifestam e chegam ao cúmulo de buscar indenizações por danos morais por conta disso. O que é uma imoralidade, se o povo fala de um jeito, é ele quem faz a língua.

Faz algum tempo que vimos uma séria discussão sobre um comercial com a famosa Giselle Bündchen em trajes menores usando de sua feminilidade para seduzir os homens, dessa forma induzindo as mulheres a usarem calcinhas Hope. As feministas de plantão se manifestaram reclamando do contexto que explora a submissão feminina, a erotização da mulher, pedindo a retirada do comercial da mídia. Repito parte do texto de O Globo:

A subsecretária de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres da SPM, Aparecida Gonçalves, disse que a ouvidoria recebeu várias denúncias, tanto de homens quanto de mulheres, contra a propaganda da empresa de peças íntimas. Na última terça-feira, por exemplo, foram seis denúncias e, nesta quarta, mais duas.

Mesmo que o comercial fosse uma apologia a se manter as mulheres em cativeiro, como fazem no Afeganistão, não poderia ser censurado, é imprescindível que se respeitem opiniões contrárias às nossas, por mais que nos incomodem. Contudo o mais importante não é exatamente isso, o que a Aparecida Gonçalves parecia pretender é que a cultura da mulher usar de sua sedução seja odiosa, pois significa submissão.

Uma agência de propaganda não contrata a modelo mais cara do planeta à toa. Sabe que está investindo pesado e o faz com base nos costumes do público alvo, vai tocar exatamente onde as pessoas sentem ou sonham. Vai respeitar os conceitos morais da sociedade ou sua campanha vai naufragar, não precisamos dessa regulação estatal, pelo contrário, precisamos que não exista.

Essas mesmas feministas costumam defender o direito à prostituição, dizem que as mulheres têm o direito de usar seus corpos como queiram e que não se deve estigmatizar ou repudiar as operárias do amor. Mas apelar para a feminilidade com objetivo de conquistar os homens não pode?

Digo a todas Aparecidas, com quais nomes tenham, que há coisas mais importantes para se preocupar. Homens e mulheres são humanos, mas muito distintos, eles têm XY e elas XX. Não sei de que modo, mas essa diferença desencadeia o surgimento da testosterona que nos faz muito mais robustos, impulsivos e mais fortes. É muito natural que as mulheres se façam insinuantes para conseguir prestígio e proteção de homens fortes e com poder. Se a dona é uma baranga e não tem os predicados físicos que lhe permitam seduzir os homens, azar, nem todo mundo nasce forte, ou inteligente, ou com os dotes do Pelé.

Outra coisa que me chama a atenção nas palavras atribuídas à repressora governamental, é haver homens que tenham protestado. Homens? Pode ser, mas devem ser enquadrados numa categoria especial, talvez padres ou libélulas revoltadas, que há de muitos tipos. Conheço vários homossexuais que gostam de ver mulheres sedutoras, até vivem disso e curtem suas opções com bom humor.

Os padres são uma categoria especial, visto que sofrem castração por parte da igreja que inventou o celibato, criando a mais tradicional escola de pedofilia da história da humanidade. Na verdade é uma minoria deles que suja a imagem do clero cantando meninos.

Voltando às libélulas revoltadas, estamos vivendo um período de repressão a quem critica o homossexualismo. Os caras fazem parada de orgulho gay, mas não admitem que alguém chame outrem de viado. Não é orgulhoso para sair na parada rebolando num carro alegórico, ou com uma coleira no pescoço sendo conduzido por um brutamontes vestido de bombeiro?  Como é que não gosta que o chamem pelo que se propõe mostrar que é? É o termo viado? Essa palavra, com este significado, foi consagrada pelo uso, pelo povo brasileiro (Vox Populi, Vox Dei) e atravessou fronteiras. Quando nosso herói de chuteiras Ronaldo foi pilhado num motel com dois travecos o jornai italiano Corriere Della Sera publicava em primeira página: Ronaldo ricattato dopo notte con viados (pode googlear que vai ver que é verdade). Duvido que um jornal brasileiro se disponha a usar este termo em manchete, seria acusado de homofobia.

Há um princípio do qual eu não posso abrir mão. Tenho o direito de não gostar de viado, de padre, de político, de louras, de preto, de branco, de milico, de índio, de qualquer coisa. Tenho o sagrado direito de dizer isso e este princípio é o pai da democracia. Este princípio não faz de mim homofóbico, iconoclasta, nazista, racista, pacifista, criminoso em geral. Tenho que ter preservado o direito de debochar de alguém, como fazem os humoristas, sem que me acusem de causar danos morais.

Tenho o direito de não querer companhia de qualquer cidadão com características que não me agradem, sejam quais forem. Tenho o direito de escolher com quem ando e para onde ando. O que eu não tenho é o direito de prejudicar alguém, de causar algum dano a qualquer pessoa por ser ela pertencente a alguma categoria de cidadão que eu não goste. E não precisamos de lei específica para proteger esse ou aquele grupo de pessoas, se somos todos iguais perante a lei. Ou essas minorias são melhores do que os comuns?

Agora estou vendo outro tipo de censura que está rolando na internet, trata-se da BBB-fobia. Pessoalmente eu considero o programa da Globo uma chatice, uma excrescência midiática. Então eu mudo de canal e, se não tiver outro que me agrade, desligo a TV. Não posso concordar com os emails que tenho recebido com sugestões de que se proíba a emissora de emitir o programa e mesmo se chame o apresentador de imoral ou incompetente. Fazer isso é aparecidar, verbo novo que está sendo conjugado por mentes totalitárias, bem como o criador da figura do Grande Irmão, George Orwell, previu. Se nos incomoda que sessenta milhões de pessoas gastem seus reais votando em quem deva ser eliminado, censurar o programa é ditatorial. Não interessa qual seja a orientação sexual dos protagonistas, pois seu sucesso demonstra que é isso que o povo quer ver. Podemos lamentar, proibir jamais.

E viva seu direito de dizer o que pensa. Inclusive contra minha opinião.


Moacir Carqueja
Moacir Henrique de Andrade Carqueja
Engenheiro Civil e professor universitário aposentado.Casado, pai de três filhos, residente e apaixonado por Florianópolis.


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