Data: 10-09-2012
- Matias, bota a camisinha.
- Camisinha pra que? Eu já fiz vasectomia, nós somos casados há 23 anos e nenhum de nós tem doença sexual.
- Não enche o saco e bota essa aqui que é lubrificada.
- Tu sabes que eu não gosto, que me tira a sensibilidade. Não consigo gozar usando isso.
- Todo mundo usa camisinha, deixa de ser fresco.
- De jeito nenhum, eu odeio camisinha.
- Nem vem, Matias, sem camisinha não rola. Tudo que é homem que se propõe a comer muita gente tem que usar pra preservar sua saúde.
- Marta, comigo não é assim, não quero comer muita gente e só de pensar em preservativo eu broxo.
- Toma aqui e veste no teu pinto.
- Não dá. Viste? Só de me dares isso ele amoleceu. Não é possível vestir camisa de vênus em pinto mole.
- Mas o terapeuta sexual disse que se fizéssemos sexo fora de casa tinha que ser com camisinha.
- Marta, não sejas burra, o que ele quis dizer com sexo fora de casa se referia a sexo fora do casamento, com outras pessoas.
- Não importa, eu preciso alguma coisa nova pra me excitar, alguma coisa que me faça sair dessa rotina de sexo arroz com feijão.
- Camisinha te excita?
- Um pouco, acho que vai mudar minha maneira de te sentir, uma novidade. Quebra do usual, sair desse trivial.
- Foi por isso que viemos ao motel, pra mudar a rotina.
- Preciso mais do que isso, eu já te conheço todo, sei de tuas manias, das tuas taras.
- Liga a televisão, tem filminho de putaria.
- Não gosto, são tão ridículos que me fazem rir e perco a concentração.
- Então não sei o que sugerir.
- Eu preciso de fantasia, já que não tenho coragem de fazer sexo com outros homens.
- Agora é isso?
- Matias, tu nunca tiveste uma amante neste vinte e três anos de casamento?
- Nunca.
- Não mente, e aquela secretária que era muito bonitinha, mas não valia nada?
- A Waleska?
- Essa mesmo. Nunca tiveste nada com ela? Eu bem que notava os olhares lânguidos daquela vagabunda.
- Nunca tive nada com ela. E tu, com esse papo furado, nunca fizeste nada?
- Que é isso, Matias? Nunca fiz, mas que eu tive vontade, eu tive.
- É assim que começa, com uma vontadezinha pequeninha.
- Mas ficou na vontade.
- E com quem foi?
- Não te conto.
- Agora conta, vai. Eu quero saber quem foi que plantou uma semente de pé de corno na minha testa.
- Não nasceu. Fica tranquilo.
- Martinha, meu amor, agora conta.
- Foi o Juvêncio.
- O Juvêncio motorista?
Matias dá uma risada.
- É, meu bem. Já notaste como ele é forte? Eu já me imaginei fazendo sexo com ele. Eu acho que seja verdade que os negros sejam mais bem dotados do que os bancos.
- De certa forma já me corneaste por pensamentos.
- Até já me toquei pensando nele.
- Marta, então já me traíste mesmo. Estou decepcionado.
- Está bem, mas eu tenho certeza que alguma coisa rolou com aquela secretária, dava pra sentir no jeito que ela falava contigo.
- Não chegou a rolar, mas quase.
- Viu? Agora me conta.
- Uma vez ela ficou comigo sozinha no escritório depois da hora, era seu aniversário, e começamos a nos beijar. Ela estava só com o vestido sem nada por baixo, subiu na minha mesa e foi puxando pra cima, mostrando tudo até que tirou pela cabeça.
- E tu me dizes que não aconteceu nada?
- Pois tocou o interfone, era o marido dizendo que ela abrisse a porta, que ele estava chegando com uma surpresa. Foi uma correria, ela se vestiu rapidamente e eu fingi que estava ditando uma carta. Escapamos por pouco.
- E nos dias seguintes?
- Foi quando ela pediu demissão, acho que o marido desconfiou e exigiu que ela saísse do emprego.
- Viste? Fui traída, só não terminou o ato por causas circunstanciais.
- É a mesma coisa que se masturbar pensando em alguém.
- Tu não te excitas pensando nela?
- Me excito.
- Nós podíamos seguir um pouco a sugestão do terapeuta sexual.
- Que sugestão?
- Ele disse que muitos casais experimentam sexo fora, não disse?
- Disse, mas não sugeriu. Estás propondo que eu procure a Walwska e tu o Juvêncio?
- Não, podemos fazer um teatro, eu represento a Waleska e tu o Juvêncio.
- Isso não vai dar certo, nossos corpos já não têm a beleza da juventude deles.
- Podemos vendar os olhos.
- Desse jeito até pode ser que dê certo.
Improvisam as vendas.
- Vem cá, meu negão. Vou te fazer feliz.
- Vem, minha secretária gostosa, o que queres que te faça?
- Tudo, gostosão, tudo e mais alguma coisa.
- Não deixa teu marido saber.
- Nem tua mulher, Matias.
- Juvêncio, Waleska, Juvêncio.
- Tinha me esquecido, desculpa. Tás com tezão, Juvêncio?
- Tou, me dá a mão e sente aqui.
- Tá durinho! Então bota a camisinha.
- Assim não dá, tás igualzinha ã Marta.
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