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Escala de Tombos
por Moacir Henrique de Andrade Carqueja

Data: 18-02-2013


Há uma assombrosa quantidade de brasileiros fazendo turismo no exterior. Aproveitam a boa fase da moeda e o crédito fácil e invadem o mundo. Esses turistas mal educados (nóis não fala ingrês), barulhentos, espalhafatosos, quase sempre acompanhados de mulheres exibicionistas que sacodem o rabo escandalosamente cada vez que ouvem alguma música conhecida, compram tudo que encontram e são a alegria dos lojistas de bugigangas. Ah, quase me esqueço, também são o paraíso para as operadoras de cartão de crédito, pagam os maiores juros do planeta. Um subconjunto desses viajantes tem experimentado um esporte radical que não existe em solo pátrio: esquiar na neve. Incrível que já há alguns que são bons, daqueles que se destacam pela habilidade, mesmo se comparados com os locais que praticam desde a tenra infância.


A prática de exercícios ao ar livre requer a observação das condições da natureza. Por exemplo, para os velejadores é importante avaliar velocidade do vento e altura das ondas. O vento é para adequar as velas, as ondas para saber quantos comprimidos para enjoo. Mesmo tendo anemômetros em quase todo barco maior do que seis metros de comprimento sabemos que a velocidade do vento medida dificilmente é representativa de sua realidade, pois  ele não sopra homogeneamente. Há uma escala que avalia a força do vento que é usada pela marinha nos seus avisos meteorológicos, a famosa escala de Beaufort.

Se o leitor já a conhece pode pular, mas eu tomo a liberdade de didaticamente reproduzi-la. Até marujos empedernidos a desconhecem de memória.



Voltando ao esqui, além das condições de vento, visibilidade e precipitações, é preciso saber qual a dificuldade do percurso e das condições de piso, se gelo ou neve fresca. Felizmente essas informações costumam estar disponíveis para esquiadores nas páginas mantidas pelas estações de inverno. As pistas são classificadas como verdes, azuis, vermelhas e negras, em ordem de dificuldade crescente. O atleta deve avaliar sua habilidade ao decidir pela pista. Uma vez iniciado o descenso não há retorno e a parte difícil não costuma ser visível do começo da pista. Quando o camarada olha para baixo e vê o tamanho do precipício, já era. Vai descer de qualquer jeito, seja esquiando ou rolando. Já vi muito descrente fazendo promessa a santo, muito corajoso escorregando sentado.


Que o esporte é bom, eu garanto. Repito um comentário de um amigo surfista que comparou esquiar com pegar ondas:

- “Só que a montanha é uma onda que não acaba nunca.”

Da mesma forma que surfistas caem, esquiadores também aterrissam (ou seria anevissam?). É inevitável, faz parte do esporte, e não depende da habilidade do praticante, posto que sempre se deseja exercitar no limite. Quanto melhor o atleta, mais arrojado se torna, mais espetacular é o tombo. Para avaliar as quedas construímos a escala Beaufort-Carqueja de acidentes na neve. Não deixo apenas o meu nome na escala porque sou quase modesto e também ninguém iria entender.

Força 0 – Esquiador se preparando.

Nada acontece, mas para iniciantes é um momento de emoção. É quando pede fotografia. Se for homem fica se imaginando a mostrar a foto para a mulherada quando voltar. Pensa que vai ser irresistível. Se for mulher também mostra, mas só para causar inveja nas amigas, desde que esteja com um modelito lindo (pode ser alugado). As barangas, ao contrário, essas mostram para homens, estão tão cheias de roupas, touca, máscara, cachecol, que não aparecem na imagem, só a embalagem. É caso para o PROCON; propaganda enganosa.

Força 1 – Escorregão.

Não chega a cair, ocorre principalmente com principiantes que não sabem sequer manter os esquis em posição. Mulheres afetadas e boiolas emitem gritinhos. Ainda gostam de mostrar a foto.

Força 2 – Queda.

Acontece apenas nos pequenos deslocamentos a muito baixa velocidade. Praticamente só ocorre com principiantes ou experimentados muito alcoolizados. É que nas pistas não é proibido beber e se jogar morro abaixo a 100 km/h. Costuma causar risos no acidentado e vaias pelos companheiros. As bichas emitem gritinhos e complementam geralmente com: “uuiii.”

Fotografia? Nem pensar.

Força 3 – Tombo.

Agora já é coisa de quem realmente esquia. É necessário estar numa velocidade mínima adequada e, para os principiantes, os esquis devem ser arrancados das botas. Não devem causar maiores danos ao atleta além do ferimento no amor próprio. Maiores consequências podem ocorrer se uma câmera estiver alojada num bolso da jaqueta. Os idiotas costumam ter.

Continua a valer o caso do gritinho, mas complementado com: “ui, que medo!”

Força 4 – Estabaco.

Acontece em pistas fáceis a grande velocidade ou mais devagar em pistas de muita inclinação. O artista percorre vários metros rolando em posições esquisitas e os observadores têm a impressão que a temporada dele se acaba ali. Algumas pessoas se aproximam para verificar o estrago e o estado físico do estabacado. Esquis e bastões se espalham por grande área e dá um trabalho danado recuperar tudo e recompor a postura. A dignidade já era. A principal preocupação do esquiador é sair dali depressa e torcer para não encontrar as testemunhas posteriormente. Não conta para a namorada, muito menos para os amigos.

Boiolas que sofrem este tipo de queda demonstram coragem e disposição de homens verdadeiros e passam a ter direito a terem sua homossexualidade em dúvida, isto é, só pode chamar de bicha quem conferir.

Força 5 – Estabaco Consequente.

Basicamente é a mesma coisa que a anterior, mas com sérias consequências que impedem a prática do exercício por semanas ou meses. A diferença principal reside na postura do esquiador descontrolado ao anevissar, que causa lesões que variam de distensões musculares a fraturas. Tem que ser removido de padiola.

Força 6 – Porrada.

Nesta categoria estão os acidentes em que o esquiador se choca com algum obstáculo em velocidade média. Tal obstáculo pode ser uma árvore, uma rocha ou outro esquiador. Como se depreende, há dois tipos de acidentes força 6: esquiador passivo e ativo. As bichas vão me chamar de homofóbico, azar. Passivos são os que levam a porrada, ativos os que dão, obviamente. Vai ter gente dizendo que ativos não dão. Os especialistas, claro.

Importante observar que só se enquadra na força 6 acidente em que o sujeito saia de padiola e desacordado. Se estiver consciente passa a ser força 5.

Força 7 – Porrada de Thor.

O nome é para mostrar a força do impacto, lembrando a marra (tamanho normal; pequena é marreta, grande é marrão) do Deus Thor da mitologia germânica. Caracteriza choque em obstáculo depois de cinco metros de voo espetacular, medido apenas na vertical, não importando o quanto se percorra horizontalmente. O obstáculo tem que ser rígido e se a pancada for em neve fofa é necessário avaliar as consequências na vítima antes de conferir a força desta escala. Tem que ser porrada com efeito mínimo de seis meses de UTI. Adicionalmente, a força da batida só será homologada se for publicada na primeira página de três jornais locais ou um de alcance nacional. É comum com esquiadores do tipo fora de pista e, principalmente, com idiotas que pensam sê-lo.

Força 8 – Caixão.

Toda porrada fatal deve entrar nessa categoria, mas desde que haja um voo espetacular antes do impacto, equivalente ao de força 7, e seja filmado ou fotografado e postado no Youtube.  Contudo deve-se aguardar, só homologa força 8 depois de 1.500 hits. É quase privilégio de esquiadores fora de pista contratados pelo boi vermelho com asas, que gostam de fazer roleta russa com esquis. A vítima tem que ser recolhida com vassoura e pá de lixo.

Força 9 – Meteórica.

Nunca ocorreu. O esquiador tem que ser atingido por um meteorito e jamais ter seus restos encontrados. Parece que coisa semelhante ocorreu recentemente na Rússia, mas com um pescador num lago congelado.

Agora que o leitor está a par da escala, pode pensar em se aventurar nas montanhas nevadas do mundo. Eu garanto que vai cair e vai doer. Principalmente no bolso, porque essa brincadeira custa caro.

Barato é fazer esquibunda na praia da Joaquina em Floripa. No nordeste é mais caro do que esquiar na Europa.

Moacir Carqueja
Moacir Henrique de Andrade Carqueja
Engenheiro Civil e professor universitário aposentado.Casado, pai de três filhos, residente e apaixonado por Florianópolis.


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