Colunas
A Sociologia das Organizações
por Marco Aurélio Barbosa D'Oliveira
Data: 06-02-2012
Do ponto de vista da Sociologia das Organizações, uma empresa ou uma instituição, nada mais é do que um conjunto de pessoas trabalhando e se relacionando organizadamente na busca de um objetivo comum, formando uma unidade social, considerando quatro estágios no seu processo evolutivo: poder, papel, tarefa e pessoa.
Uma empresa ou uma instituição, via de regra, nasce centrada no poder, isto é, cria uma unidade centralizadora que determina e decide tudo, procurando controlar todas as variáveis externas e internas, administrando diretamente seus impactos sobre a organização. Muitas empresas, entretanto, permanecem nesta fase durante muito tempo, gerando uma profunda dependência nas pessoas em termos de decisões e prejudicando o desenvolvimento da organização. É comum, em empresas ou outras organizações, onde este estágio se apresenta com forte predominância, ouvirmos frases do seguinte tipo: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”.
Passa a seguir à fase do papel. Com o crescimento da empresa ou da instituição, o poder começa a “delegar”. Esta delegação ocorre de forma bastante controlada e se apóia em normas, regulamentos, circulares, etc. Na realidade pouco ou quase nada existe de delegação, pois a liberdade de atuação está condicionada ao cumprimento rigoroso das normas e regulamentos aprovados pelo próprio “poder”. Em organizações onde predomina esta situação, são ouvidas frases como esta: “Você pode errar dentro das normas, mas não acerte fora delas.” Estas organizações, geralmente, apresentam fortes instrumentos de controle e pressão para garantir o perfeito cumprimento dessas normas.
A realidade centrada na tarefa começa a ocorrer quando surge a necessidade de se garantir o alcance de determinados resultados que exigem uma grande interação de diferentes especialistas lotados em diversas áreas. Formam-se os chamados “grupos de trabalho” ou “grupos tarefa”. É o momento que surgem sérios questionamentos quanto às normas, muitas vezes elas atrapalham o bom andamento do trabalho e dificultam o alcance dos resultados desejados. Começa haver uma maior valorização e reconhecimento das competências profissionais. Em uma organização que vive o estágio da tarefa as pessoas começam a ter maiores oportunidades de realização profissional e se ouvem frases do tipo: “Você vale pelo que você produz”.
A organização centrada na “pessoa”, além de oferecer a possibilidade de realização profissional abre um leque de alternativas claras para a realização pessoal. Pessoas são consideradas, ouvidas e os relacionamentos internos vivem uma realidade de compreensão e apoio mútuos, de busca constante de consenso. A distribuição dos trabalhos procura respeitar as preferências pessoais e as atividades menos estimuladoras são repartidas igualmente. É o triunfo do “indivíduo” dentro da realidade interna das organizações.
Estes “estágios” são também “construtivos”. De forma mais simplificada, podemos dizer que a realidade de uma entidade centrada na pessoa só poderá ser construída a partir do instante em que ela atingir um determinado grau de maturidade e houver criado, internamente, um clima de valorização da responsabilidade que só se obtém na realidade centrada na tarefa. Os estágios de poder e do papel tornam as pessoas “bitoladas”, desestimulam a criatividade e a intuição, e, as próprias ações de treinamento estão voltadas para que os indivíduos aprendam a obedecer e a seguir normas e regras.
Referência Bibliográfica: Treinar S/C Ltda. Oscar Manuel de Castro Ferreira. S. Paulo.