Data: 28-09-2011
As estatísticas quanto aos acidentes de trânsito não deixam dúvidas de que nossas estradas e ruas são como campos de batalhas, onde cidadãos são mortos e feridos todos os dias! Os casos são tão absurdos que há registro de atropelamentos em calçadas, pátios de escola e até dentro de casas! A média em UM ANO no Brasil é de cerca 30.000 mortes! No Iraque, em 8 anos de guerra, morriam 25 pessoas por dia. No Brasil – no trânsito - são 85 por dia!
É uma ilusão querer acreditar que o ser humano abandonará o automóvel tão cedo. O veículo está muito além do que um mero meio de transporte. Com efeito, os carros, assim como as motos, têm diferentes significados para o espírito humano e a cada geração, mais e mais pessoas desejam adquirí-los.
Portanto, não adianta apenas trabalhar com a conscientização do condutor para que os números de acidentes diminuam. Concomitantemente a elas, deve haver investimentos e campanhas para que o veículo automotor passe a ser usado como alternativa e não como meio principal de deslocamento.
Aliado às vias de fluxo rápido, ciclovias, estacionamentos rotativos, leis mais rígidas, multas mais caras e fiscalização permanente, é imperativo uma mudança de mentalidade no trânsito urbano, dando preferência, sucessivamente, ao pedestre, ao ciclista e ao transporte coletivo, em detrimento do automóvel e da motocicleta.
Por óbvio que tais mudanças levariam tempo para serem implementadas, motivadas, mais das vezes, pela economia que se terá em usar mais os meios alternativos que seu próprio veículo. Tudo com qualidade e não como se é hoje: ônibus lotado, poucas linhas, vias sem asfalto, atrasos, etc.
Mas não se pode ficar de braços cruzados diante da carnificina nas ruas e estradas. Há ideias simples que podem ser executadas já. Uma delas é a que existe em Campinas, onde se pintou nas faixas de pedestre uma seta indicando a direção do fluxo dos automóveis. Muitos atropelamentos acontecem justamente porque o pedestre não sabe de onde um carro pode vir.
Outra medida é a programação nos semáforos dos cruzamentos para que num determinado momento, ambos os sinaleiros fiquem vermelhos para os carros, permtitindo a caminhada mais segura dos pedestres. Tal atitude resolveria a batalha entre carros e pessoas nos cruzamentos da avenida Afonso Pena com a rua 14 de Julho, em Campo Grande, por exemplo. São medidas que custam certo investimento, mas bem menos que o tratamento de acidentados, reconstrução de próprios públicos, indenizações por danos e pensões a inválidos por acidente de trânsito.
Quanto a recursos financeiros, já faz alguns anos que passei acreditar que certos problemas do país não são resolvidos só pela falta de dinheiro. Cada dia mais acredito na máxima de São Cesário de Arles, que dizia que “nós usamos rodeios, procuramos desculpas, quando reclamamos impossível o que não queremos fazer”.
Pelos índices dos Governos, houve aumento da arrecadação nos últimos meses. Porque então não se implementa melhorias viárias? Simples, por falta interesse. Reitero, parafraseando James Clarck: se pensa muito em caixa para as próximas eleições e pouco na solução dos problemas das próximas gerações.
E enquanto nós, cidadãos, não exigirmos atitudes afirmativas do poder público nesse sentido e em todos os demais campos onde a desídia governamental é gritante, a incompetência e descaso de alguns continuarão a contribuir para que nosso trânsito continue sendo um semeador de orfandade!
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